domingo, 31 de maio de 2009

Deus, os pecados e o Saramago

Sobre a manifestação

o mundo muda a cada gesto teu

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Eleições Fantasma

Decorreram no início desta semana as eleições para os orgãos sociais da AEIST.

Mas estas não foram eleições normais, tiveram um toque mágico: ninguém sabia que estavam para acontecer, e a grande maioria dos alunos continua sem saber que aconteceram.

Como é isto possível?
Como é que tantos alunos não viram a campanha, os editais com os prazos de apresentação de listas, todos esses documentos de divulgação obrigatória para o início do processo eleitoral...

Não duvido da seriedade da antiga AE (que na sua grande maioria é a nova AE), e portanto resta-me assumir que todos os materiais que não vi foram de facto editados, ao estilo de "O Rei vai nu", de forma a que só as mais formidáveis e dignas pessoas os conseguissem ver.

Com formidáveis e dignas pessoas refiro-me aos meninos e meninas da JSD e JS que se juntaram na única lista que concorreu, lista i de invisível.

Os resultados não poderiam deixar de ser fantásticos, de entre @s cerca de 9000 alun@s do IST votaram na actual direcção da AE 262 e 60 pessoas manifestaram-se através do voto em branco, sobrando uns nada pequenos 96.5% de abstenção.

Fica aqui a promessa de que para o ano a coisa não lhes correrá tão bem

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Educação Sexual: para quando?

Na passada quinta-feira, dia 21 de Maio de 2009, alguns estudantes foram ouvidos para dar a sua opinião sobre as aulas de Educação Sexual na Rádio Clube Português.
E apesar de estes/estas serem @s mais interessad@s na matéria, nem eles/elas chegam a consenso.
Mas apesar de discordarem sobre os temas a abordar durante estas aulas e se deveria haver uma disciplina ou se deveria ser dada de uma forma transversal, tod@s concordaram com o mesmo: tem que existir e o mais rapidamente possível. Mas acho que, apesar dos esforços, ainda não é desta que o Ministério da Educação nos vai ouvir.

Movimento pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo vai ser lançado no domingo em Lisboa

"O psiquiatra Daniel Sampaio, a constitucionalista Isabel Mayer Moreira e a actriz e escritora Ana Zanatti são três das personalidades que, no domingo às 16h, subirão ao palco do cinema São Jorge, em Lisboa, para explicar publicamente as razões pelas quais integram o Movimento Pela Igualdade no acesso ao casamento civil (MPI) e subscrevem o seu manifesto. Imediatamente antes, o documento será lido pela actriz Fernanda Lapa."

Retirado daqui.

Lê mais!



"Atingindo já mais de setecentas adesões, o MPI conta com o apoio dos escritores José Saramago, Ana Luísa Guimarães e Lídia Jorge, os artistas plásticos Graça Morais e Julião Sarmento, da jurista Teresa Beleza, do jornalista Miguel Sousa Tavares, do cientista Alexandre Quintanilha, dos humoristas Herman José e Ricardo Araújo Pereira, dos actores Alexandra Lencastre, Catarina Furtado, Soraia Chaves, Filipe Duarte, Nuno Lopes e Pepê Rapazote.
No final da apresentação pública do movimento, haverá uma reunião para decidir sobre actuação futura. O MPI está a ser constituído para se assumir como movimento de pressão da sociedade civil sobre o poder político com o objectivo de obter dos partidos, no ciclo eleitoral que agora se inicia e que inclui legislativas, o compromisso de que o próximo Parlamento altere o Código Civil para que este passe a permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
"A igualdade no acesso ao casamento civil é uma questão de justiça que merece o apoio de todas as pessoas que se opõem à homofobia e à discriminação", diz o manifesto do MPI. "Exigimos esta mudança necessária, justa e urgente porque sabemos que a actual situação de desigualdade fractura a sociedade entre pessoas incluídas e pessoas excluídas, entre pessoas privilegiadas e pessoas marginalizadas", acrescentam.
Outro argumento é o de que "esta alteração legal é uma questão de direitos fundamentais e humanos, e de respeito pela dignidade de todas as pessoas". Os subscritores consideram que "é no reconhecimento pleno da vida conjugal e familiar dos casais do mesmo sexo que se joga o respeito colectivo por todas as pessoas, independentemente da orientação sexual, e pelas famílias com mães e pais LGBT, que já são hoje parte da diversidade da nossa sociedade".
O manifesto afirma ainda que o reconhecimento deste direito a homossexuais "não afectará nem a liberdade religiosa, nem o acesso ao casamento civil por parte de casais de sexo diferente", e que "a igualdade nada retira a ninguém, mas antes alarga os mesmos direitos a mais pessoas, acrescentando dignidade, respeito, reconhecimento e liberdade".
O MPI sublinha que "o reconhecimento da plena igualdade foi já assegurado em várias democracias, como os Países Baixos, a Bélgica, o Canadá, a Espanha, a África do Sul, a Noruega, a Suécia e em vários estados dos EUA". E apelam para que seja garantido que "Portugal se coloque na linha da frente da luta pelos direitos fundamentais e pela igualdade". "
Meus caros e caras, hoje às 18 horas iremos transmitir on-line a lição aberta de Fernando Rosas no âmbito das Conferências de Lisboa. A transmissão será feita em simultâneo no site do Público On-line , no site das Conferências de Lisboa, bem como um grupo de vários blogs que se juntaram na semana passada:

ainda me passo dos cornos e bato em alguém!!!

prometo que posso acabar por fazer alguma asneira, se ouvir em breve mais alguma vez nas rádios o tema «Gaivota» [cover d@s menin@s dos Gift, a partir dum original da Amália]...
digam lá à menina de Alcobaça que aquilo não é cantar!! eu nem sou grande apreciador/fã de Amália, mas se "aquilo" era para homenageá-la, está bem, está!! com homenagens destas, para que servirão críticas maledicentes?? estas criaturas conseguem incomodar-me mais do que as músicas dos Delfins! :(

declaração: sou um pacifista empedernido, jamais iria agredir alguém por me transcender com o seu objecto cultural(??). mas lá que aquela musiquinha me dá cabo dos miolos, lá isso...

ide lá!! ide lá, tod@s!! que o irmão pastorinho vos receberá beinhe, certamente!!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Posição da Associação Portuguesa Mulheres e Desporto sobre discriminação das mulheres no Programa Desportivo Oficial dos 2ºs Jogos da Lusofonia


DIVULGO - Por favor, se concordarem, assinem a petição que se encontra no final deste texto:

Posição da Associação Portuguesa Mulheres e Desporto sobre a discriminação das mulheres no Programa Desportivo Oficial dos 2ºs Jogos da Lusofonia:


Lê mais!



1. Os Jogos da Lusofonia constituem um importante evento desportivo cuja direcção é assegurada pela Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP) constituída em 2004.
São membros fundadores da ACOLOP os Comités Olímpicos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial (como membro associado), Macau (China), Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Em 2006, os Comités Olímpicos da Índia e do Sri Lanka passaram a integrar a ACOLOP com o estatuto de membros associados.

2. A realização da 1ª edição dos Jogos da Lusofonia (Macau/2006) possibilitou a consolidação das relações das regiões e países que integram a ACOLOP, com o objectivo de encorajar o desenvolvimento desportivo das diferentes culturas que compõem o espaço lusófono.
O Programa Desportivo Oficial da 1ª edição dos Jogos da Lusofonia incluiu competições em 8 desportos/modalidades: Atletismo, Basquetebol, Futebol, Futsal, Ténis de Mesa, Taekwondo, Voleibol e Voleibol de Praia. Participaram cerca de 780 atletas de 11 países/regiões.
A taxa de participação das atletas femininas foi relevante: Ténis de Mesa, 40%; Basquetebol, 43%; Atletismo, 49%; Voleibol e Voleibol de Praia, 50%. Contudo, não foram abertas competições para as mulheres no Futebol, Futsal e Taekwondo e esta discriminação do Programa Desportivo Oficial fez baixar a taxa de participação feminina para um valor inferior a 30%. (I)

3. A 2ª edição dos Jogos da Lusofonia terá lugar na região de Lisboa, entre os dias 11 a 19 de Julho de 2009. Trata-se de uma manifestação desportiva muito importante para Portugal e para a afirmação do nosso país no espaço lusófono.
Segundo informação divulgada pela organização, espera-se a participação de 1.300 atletas e oficiais de 12 países/regiões.

4. O Programa Desportivo Oficial da 2ª edição dos Jogos da Lusofonia foi aprovado em Lisboa, em Novembro de 2007, na Assembleia-geral da ACOLOP, cuja «sessão de abertura foi presidida pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, que aí reiterou a garantia governamental de apoio ao projecto do C.O.P.». (II) Na circunstância, teria em mente os Princípios da Universalidade e da Igualdade (Artigo 2º, da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, L 5/2007 de 16 de Janeiro).
Nesse mesmo mês, foi publicado em Diário da República o despacho 161/2008 reconhecendo o interesse público dos II Jogos da Lusofonia.

5. Em Outubro de 2008, é celebrado entre a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e a Comissão Organizadora dos 2.ºs Jogos da Lusofonia (COJOL) um Protocolo de Cooperação que visa «garantir a adequada promoção e defesa da Igualdade de Género, em toda a linha de comunicação a seguir nos 2.ºs Jogos da Lusofonia…. A COJOL instituirá para a competição prémios especiais para a melhor treinadora, em igualdade de circunstâncias com o de melhor treinador e igualmente prémios para a melhor atleta feminina e para o melhor atleta masculino….O representante governamental [Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros] que homologou o acordo, considerou que os Jogos da Lusofonia dão um sinal muito importante porque o «desporto, graças à sua visibilidade, ajuda e fomenta os propósitos de igualdade de oportunidades…». (III)

6. A celebração deste protocolo entre a CIG e a COJOL possibilitou que os II Jogos da Lusofonia sejam considerados como «Jogos de referência em matéria de cidadania e igualdade de género», admitindo a «igualdade de género» como um dos seus princípios básicos «Os Jogos serão em toda a linha social, cultural e desportiva uma janela de oportunidades para promoção e desenvolvimento de um clima aberto de cidadania com repercussão na prática corrente de comportamentos solidários à igualdade de género, respeito mútuo e saudável confraternização.» (IV)

7. A organização desta edição dos Jogos da Lusofonia contempla, em cada um dos 10 desportos/modalidades, uma quota máxima de atletas por país que é semelhante, ou igual, para os escalões masculinos e femininos: Atletismo (36-34); Basquetebol (12-12); Desporto para Deficientes (2-1); Judo (7-7); Taekwondo (4-4); Ténis de Mesa (4-4); Voleibol (12-12); Voleibol de Praia (4-4).
No Futebol (20) e Futsal (14), as atletas femininas estão, de novo, impedidas de participar dado que o Programa Desportivo Oficial as afasta liminarmente dessa participação – existem apenas torneios masculinos.

8. Em todo o mundo, existem cerca de 26 milhões de raparigas e mulheres que praticam futebol (V); são inúmeras as atletas dos países que integram os Jogos da Lusofonia (VI); e existem selecções nacionais femininas suficientes para realizar os torneios femininos de Futebol e Futsal (VII).

9. Ao contrário do que tem sido usado como justificação, e tal como aconteceu em Macau/2006, nem todos os países participantes irão concorrer em todos os desportos/modalidades. Por exemplo, nesta 2ª edição o Brasil não irá participar nos torneios de Futebol (masculino) e de Voleibol (masculino e feminino).
Em meados deste mês de Maio, será já conhecido o conjunto final de atletas em cada desporto/modalidade, por sexo, dos 12 países participantes.
No início deste ano, já se tinha antevisto a participação por país nos desportos colectivos tal como se pode verificar nas simulações avançadas no Manual do Evento. Para 12 países participantes foi calculado um calendário competitivo de 8 equipas (M/F) para o Basquetebol, 8 equipas para o Futebol (M), 7 equipas para o Futsal (M) e 4 equipas (M/F) para o Voleibol.

10. São fundamentadas as preocupações com a sustentabilidade financeira de futuras edições dos Jogos da Lusofonia e com os custos de deslocação e taxas de participação a cargo das delegações de cada país/região. Mas em caso algum essa sustentabilidade poderá determinar a exclusão das atletas, raparigas e mulheres. A escassez de recursos não pode ser motivo de discriminação das mulheres.

11. Tal como é referido no texto da petição, que apoiamos, Pela Igualdade no Desporto, não podem existir «razões ditas “aceitáveis” para justificar a discriminação das mulheres, e as entidades públicas não devem compactuar com esta discriminação». (VIII)
A imagem que Portugal projectará, com a organização de tão importante evento desportivo, será ensombrada por uma discriminação vergonhosa que atenta contra o estatuto das raparigas e mulheres desportistas, nomeadamente do futebol.

A APMD apoia a Petição Pela Igualdade no Desporto que pode ser subscrita em:

www.petitiononline.com/igualfut/petition.html

terça-feira, 26 de maio de 2009

a praxe académica... coisa mai' linda!!!

isso quererá dizer que eu passo a ser (efectivamente) uma "ave rara"?? :P

UNESCO aprova candidaturas do Parque do Gerês e da ["minha"] ilha das Flores a Reservas da Biosfera

calma!! não fiquem nervosos, senhores do Capital: deve ser só fumaça...

parece haver um frenesim generalizado (jornalistas e deputad@s) com o que possa esta tarde dizer Oliveira e Costa na Comissão Parlamentar... eu, como não espero que o senhor diga nada de substancial e importante sobre as gigantes manigâncias que se passaram no BPN, vou tirar uma sesta esta tarde...

FantasBloco: série de curtas para os tempos de antena das Europeias 2009...

..
o Tratado de Lisboa... o Tratado de Lisboa... a Precariedade... ... a Precariedade... ... e... o Serviço Nacional de Saúde...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

ponham-se a pau, o meu castelhano ès muy malo pois eu nunca fui a Badajoz comprar caramyelos...

os xuxialistas tugas sempre foram algo pródigos em belas gaffes no uso de línguas estrangeiras (Mário Soares e o seu «mon ami Miterrand» é um clássico pré-era YouTube). mas Zé Sócras parece querer fazer história e superar todos os feitos anteriores... senão, veja-se: Sócras em uso de inglês "técnico" (Dezembro de 2007), Sócras em uso dum castelhano informal (Março de 2008), Sócras num castelhano mais "técnico" (Maio de 2009), e se calhar ainda outros episódios há de que agora não me lembre...

o que me deixa algo fora de mim, não é o facto de Zé Sócras ter algumas(?) falhas no uso de línguas estrangeiras, nem o seu péssimo "accent" e dicção estrangeira (se bem que isso já devia ter sido caso para umas liçõezinhas dos seus muitos assessores de imagem e afins). o que me chateia mesmo (mesmo!!) é o Zé Sócras pôr-se em biquinhos de pés com @s (dit@s) importantes da Europa e ele próprio nem sequer se dar conta do quão ridículo é perante el@s...

adenda: propositadamente não coloquei nenhum vídeo nesta posta, apenas deixo as ligações para os respectivos vídeos... este espaço ainda tem o (mínimo) de decoro, ó Socras!! :P

sábado, 23 de maio de 2009

«Chicken a la Carte» no Green Unplugged film festival

esta [algo chocante, mas brutalmente verdadeira] curta-metragem foi vencedora de dois prémios no «Green Unplugged film festival»: PEOPLE'S CHOICE (most viewed) e VIRAL (most shared/linked)...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Pedofilia Religiosa

Eles lá no topo da hierarquia político – religiosa estão todos calados, num um pio para condenar o massacra físico e psicológico que durou 60 anos em internatos católicos…

Ao longo de 60 anos mais de 2.000 crianças foram torturadas e violadas por padres e monges da Igreja Católica na Irlanda. O relatório sobre esta monstruosidade demorou 7 anos a ser feito e se constatou a violação e tortura de duas mil crianças denunciou mais: o total silêncio do Vaticano.

O chefe da Igreja católica já condenou os actos é certo mais não chega! Todos os dias nos chegam a casa discursos moralistas vindos do Vaticano e da Igreja… todos os dias falam de paz, justiça e direitos humanos. Neste só silêncio, puro silêncio! Duas mil crianças violadas e torturadas em internatos católicos pró chefes da Igreja e nem uma palavra do Vaticano, nem um acto de condenação…

Nenhuma legitimidade moral a quem colabora com esta chacina… nenhuma legitimidade moral para quem fecha os olhos à pedofilia, mesmo a que é feita “em nome de deus”!

Ao Vaticano, nenhuma, absolutamente nenhuma legitimidade para falarem de paz, justiça e fraternidade… quem se cala perante a violação de milhares de crianças não merece um pingo de respeito!

(O relatório é composto por 5 volumes, tem 2.600 páginas e pode ser consultado em: childabusecommission.ie)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Imigração, para além do mito do Mercado.

Já nos disse Barthes que uma das características constantes de toda a mitologia burguesa é a incapacidade de imaginar o outro. Este outro, ou melhor, esta imagem do outro, no caso do Imigrante, e mais especificamente a do Imigrante indocumentado, ganha na Europa proporções preocupantes na eminência de uma crise social profunda e é precisamente no campo das representações colectivas que é necessário, hoje mais do que nunca, convencer e vencer.

Dos campos políticos europeus que passaram e permanecem na governação podemos dizer que assumem, desanuviadamente, a sua visão utilitarista em relação à imigração, da social-democracia (em falência ideológica) à direita conservadora, passando pelos neoliberais, a diferença fica-se pela têmpera discursiva. Esse utilitarismo está estampado nos discursos oficiais e legislação dos diferentes Estados assim como nos vários acordos europeus. Está no tratado de Amesterdão e está, de forma sombria, na directiva de retorno. Está na interpretação dos fluxos de imigração como repositores ou excedentes do plano económico assim como na estratégia europeia que tenta limitar a imigração ilegal a partir de instrumentos legais e policiais comunitários[1] e no intensificar do aliciamento financeiro aos países de origem de forma a serem estes a estabelecer o primeiro tampão às correntes migratórias. É, podemos dizer, uma visão de proprietário, mas de um proprietário que lida com um comércio rebelde, insubmisso, que teima em desobedecer as leis de ouro do mercado e que é preciso disciplinar.

No caso português a melhor maneira de percebermos o utilitarismo do Estado é avançarmos com uma questão simples: o que é necessário a um estrangeiro para viver legalmente em Portugal, com os direitos e deveres que a lei lhe consagra? A resposta governamental é crua: é preciso que trabalhe (os que possuem rendimento próprio são outra história). Esta resposta é a base do mito do mercado na imigração. Os relatórios de necessidade de mão-de-obra, as autorizações de permanência e a exigência de um contracto de trabalho para as regularizações extraordinárias são exemplos claros, os imigrantes trabalham, não como um meio para a sua própria criação e emancipação mas como um fim utilitário que varia consoante as necessidades de quem os recebe. O trabalho, neste caso, mais que uma função ou uma utilidade é antes uma acepção, ele abarca um sentido de totalidade para lá da qual o imigrante não existe, simplesmente não interessa e mais, pesa. E, claro, lá está o mercado que regula as necessidades e os excessos, num presente imutável e privado de história.

É essa a mensagem que Vieira da Silva transmite quando anuncia a redução das quotas mas, neste caso, com um duplo engodo. O primeiro reside na recusa em aceitar o papel estrutural ocupado pelos imigrantes indocumentados na economia (Vieira da Silva sabe bem a quem interessa manter esta situação) defendendo assim a fiabilidade do sistema das quotas que toda a gente já reconhece como falido[2].O segundo, mais grotesco, é dizer que perante uma crise económica a culpa não está no mercado e, claro, em quem o sustentou politicamente durante décadas, não, a culpa está do lado de quem teima em contrariá-lo, e pior, daqueles que mais nada devem esperar do que existir como parte do mercado, nunca para além dele.

É aqui que retornamos a Barthes. Pois sendo, segundo ele, o mito uma fala despolitizada e em divórcio com o conhecimento, será a fala que permanece política aquela que se lhe deve opor. É por isso que para enfrentar o mito do mercado no caso da imigração é necessário, claro, desmascarar a correlação xenófoba e desonesta entre imigração, desemprego e criminalidade, mas ir mais além, é preciso uma proposta que rompa com o fim próprio deste mito, o de “manter imobilizado o mundo”. Tal implica uma concepção para além do mercado, implica reconhecer o imigrante na sua multitude, nas suas insuficiências e generosidades, e mais, implica reconhecer a sua capacidade emancipatória face ao próprio mercado. Essa emancipação não se conseguirá com uma conciliação (principalmente a dos discursos paternalistas e bacocos), ela terá de ser uma oposição, uma oposição que una, em toda a sua heterogeneidade, aqueles que são usurpados pelo elemento comum, ou seja, os donos do mercado. É esta oposição que pode desmistificar os modelos falidos, (Multicultural, Comunitário, Republicano), eles próprios frutos de uma oposição nacionalista e patriótica e desempenhar um papel decisivo nas representações colectivas avançando na contra-corrente da xenofobia e da exploração.

E daqui o realço à fibra e legitimidade dos imigrantes e dos que a eles se juntam para exigir o direito à residência, contra a exploração laboral e exclusão social mas também para exigir o direito ao voto como instrumento de emancipação face a uma política discriminatória, delatória e mentirosa. É uma luta premente porque trata de uma infelicidade e só a consciência da infelicidade alavanca a necessidade da mudança.


[1] Este mecanismo [o Frontex] misto, composto por forças policiais e militares, tem servido de pretexto para a NATO alargar a sua presença estratégica no continente africano, descendo cada vez mais a sul do Atlântico. Prova disso foram as recentes manobras da NATO em Cabo Verde. Aliás, desde os dramáticos acontecimentos de Ceuta e Melilla, deu-se um passo importante para transformar a Frontex no principal instrumento de repressão contra os imigrantes.” (Mamadou Ba, )
[2] Vagas indicativas de emprego imigrante para 2008:De 8.600 vagas indicativas de emprego imigrante em 2008 apenas corresponderam 3300 vistos de residência atribuídos.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Política Vital

Uma pergunta simples: se alguns autores inspirados em Foucault e discorrendo sobre uma certa política vital soubessem do nosso vital moreira, o que pensariam eles?

Posto isto é 13 de Maio. Como na euronews NO COMMENTS.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Contra as velhas/novas inquisições - direito a uma vida com direitos


Manifestação... artística.

Parodiando os autos de fé da inquisição, em que "as chamas servem para libertar as almas de tão abomináveis corpos", serão condenad@s uma mulher que abortou, uma lésbica, um professor católico de educação sexual, uma mulher de meia idade heterossexual que usa preservativo, uma trabalhadora sexual, um gay africano, uma passageira da fertagus, uma poliamorosa e muit@s outr@s. Divulga! Aparece! Junta-te à reivindicação pelos direitos civis, sexuais e reprodutivos!

Sexta-feira, 15 de Maio de 2009; 19:00-20:00
Largo de S. Domingos, Lisboa (junto ao teatro D. Maria II), Lisboa

associações feministas e lgbt

in http://www.new.facebook.com/home.php#/event.php?eid=174290385580&ref=mf (Causa publicada por Salomé Coelho)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Faz lembrar a PSP na Belavista :)




Numa tentativa de promover o uso de capacetes de segurança por parte dos ciclistas, a Policia Dinamarquesa em parceria com o Distrito Municipal de Aalborg e a Federação Dinamarquesa de Ciclistas começou uma nova campanha, onde o resultado foi está à vossa vista.

Mais info: http://www.becauseweloveyou.dk

domingo, 10 de maio de 2009

Queime esses filmes!

Ando a dar no Ecumenismo



Milton Freedman, pai da Escola de Chicago, guru ultraliberal, a explicar porque é que a proibição das drogas não faz sentido.

Reparem como ele explica porque é que a política dos Governos (a proibição) só fortalece o tráfico, e graças a este, os cartéis da droga.

Só o ano passado, morreram 8000 pessoas no México no conflito permanente entre barões da drogas. E andam preocupados com a gripe suína (ou mexicana, como dizem em Israel)

sábado, 9 de maio de 2009

Corina Verde

O que eu preciso mesmo é de um canapé; com rosa Assis e gaivotas, também peixes...com branco manequim e cera-busto virada para o que de mais verde pode haver na luz inteira. O que eu preciso mesmo é de um canapé e não trair-me com as tais perguntas; minha supercoisa!, que até sou moça que recalca a brejeirice de boa cidadã com reflexos pugilistas. O que eu preciso mesmo é de um canapé; que defenda-me o narcisismo a retalho do umbigo e diga-me: só te faz bem...Calma!, que esse mito não presta mesmo que porventura maternize a pintura. O que eu preciso mesmo é de um canapé; pintado por mim, assim em tons de violinos Laurie e da melhor fotografia que guardo no bolso. O que eu preciso mesmo é de um canapé a cantar a partir do sul. Canapé só tu maior que eu pra seres meu espaço; a minha espreguiça demora e vem a pêlo, talvez não. O que eu preciso mesmo é de um canapé; sempre aberto, sempre tinta para fazer de acrobata, é simples!, sujo-me e passo por acrobata. O que eu preciso mesmo é de um canapé; só por um cheiro ímpar em Oslodum; olhar-te e nunca dizer que também quero o My Fair Lady de Byrne e aquela sala 18 no Uffizi, de um magenta-prostituto assassino duvidoso e também bastante sugestivo, a obrigar-me a pensar - entre outras coisas - na melhor posição de um olhar. O que eu preciso mesmo é de um canapé; sem boneca, sem torre de vigia.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

90 anos e alguns dias

Em jeito de homenagem atrasada e de complemento do post da Ana.



mil cento e onze... e deverá ser a 13 de Maio!! ;)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Em jeito de campanha contra a abstenção..


O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

against the unsustainable G8 Univeristy Summit

[para mais infos é favor clicar em cima da imagem...]

terça-feira, 5 de maio de 2009

This land was made for you and me

Pete Seeger fez, no passado dia 3 de Maio, 90 anos.
Disse em 1983, no concerto que encheu o Pavilhão dos Desportos de Lisboa: "Friends, let me tell you that in forty-five years of singing, believe me, I have never heard such a wonderful singing audience", o homem que conseguia (consegue ainda) fazer tod@s cantar com ele.

Disse ainda: "Friends, let's sing one more chorus of the song you sang with me before. And we'll sing it so loud they'll hear it around the world!
We shall overcome!"

Cantava, entre muitas outras, esta

Sondagens

Deliciem-se com algumas sondagens. Há duas coisas, porém, que adoro nestas sondagens e outra que lamento. Gosto de saber que o Bloco de Esquerda cada vez mais se afirma como a terceira força política (e que mais que duplica nas legislativas, relativamente ao seu valor nas legislativas de 2005); e tenho particular interesse em saber quais serão realmente os verdadeiros valores do CDS-PP nas Europeias (apesar do CDS-PP ter tendência a ser sub-valorizado nas estimativas). O que, contudo, me desagrada, é notar como o voto útil, ainda assim, capitula tantos eleitores para o chamado Bloco Central, especialmente a nível autárquico/europeu.

Europeias. Intercampus, 17-22 Abril, N=1201, Tel.
PS: 34%
PSD: 33,5%
BE: 18%
CDU: 7,9%
CDS-PP: 6,9%


Europeias. CESOP/Católica, 25-26 Abril, N=1244, Presencial.
PS: 39%
PSD: 36%
BE: 12%
CDU (PCP-PEV): 7%
CDS-PP: 2%
Outros: 2%
Branco/nulo: 2%


Porto. Eurosondagem, 22-24 Abril, N=721, Tel.
PSD/CDS-PP: 46,4%
PS: 34,8%
CDU: 7,6%
BE 7,4%
OBN: 3,8%


Lisboa. Eurosondagem, 26-28 Abril, N=1025, Tel.
PS: 38,3%
PSD/CDS-PP/PPM/MPT: 31,1%
Cidadãos por Lisboa: 9,6%
CDU:8,0%
BE:6,1%
OBN:6,9%


Legislativas. Marktest, 14-19 Abril, N=803, Tel. (entre parêntesis o resultado do barómetro da Marktest de Março)
PS: 36,2% (36,7%)
PSD: 26,4% (28,4%)
BE: 13,6% (12,6%)
CDU: 11,2% (8,9%)
CDS-PP: 8,3% (9,4%)
OBN: 4,3% (4,0%)


Retirado do blog Margens de Erro.

Joguinho do Avô Cantigas

Apesar de ser totalmente contra as agressões físicas a Vital Moreira (contra apupos já não tenho nada a afirmar, visto ter sido um dos que o apupou), não pude deixar de não colocar aqui o link para um jogo fabuloso. Ora, divirtam-se.

PS (nunca!): Ao que parece, o senhor Vital levou mesmo com uma Vitalis em cima. Irónico, não?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pela Legalização da Marijuana

NORML lança campanha televisiva pela Legalização da Marijuana nos EUA.




E a Marcha Global da Marijuana de Lx já está a chegar. É já no próximo sábado! Mais info em www.mgmlisboa.org

domingo, 3 de maio de 2009

a cantiga ainda é uma arma!

Em memória de Augusto Boal


O dramaturgo brasileiro, de ascendência portuguesa, Augusto Boal, morreu hoje, dia 2 de Maio, devido a uma insuficiência respiratória.

Com ele, parte também toda uma vida dirigida ao teatro. Parte, ainda, toda a inovação que ele introduziu com o "Teatro do Oprimido". Parte toda uma vida dedicada àqueles que necessitavam.

Já aqui, no La Jeune Garde, tínhamos feito uma homenagem com a Mensagem do Dia Mundial do Teatro.


Ficará, para sempre, toda a inovação que introduziu na arte teatral, bem como o contributo que deu para uma maior humanização e interacção com o público por parte do teatro.

sábado, 2 de maio de 2009

(Apesar do episódio do Vital) afinal parece que o PCP não é um partido sectário

"Jerónimo de Sousa considera que são mais os pontos que aproximam o PCP da Igreja do que os que afastam." Aqui está a prova de que estavam enganados todos os que diziam que o PCP é um partido sectário que só faz coligações com o Partido Ecologista "Os Verdes" e a Intervenção Democrática.





SOS - Nivel 5 - O porcos estão a destruir o Mundo...



Andam por ai duas gripes dos porcos… são distintas: é que uma é recente e a outra já dura há anos. Da gripe dos porcos que surgiu no México há pouco tempo todos já ouviram falar, todos já andam alertados, já preparam os hospitais, as acções e já estão a preparar as vacinas… mas e a outra?

Bem a outra toda a gente conhece também e também é muito perigosa porque consegue atacar muitos inocentes vezes sem conta quem se que seja travada.

A gripe dos porcos imperialistas e capitalistas do nosso planeta não tem sido estudada mas já matou 98000 civis no Iraque, milhares no Afeganistão, já calou 50 mil mortes no Darfur, matou 250.000 no Vietname, já destruiu totalmente hiroshima nagasaki, milhares e milhares em Gaza e continua insaciavelmente a sua ofensiva.

Para esta gripe pelos vistos não há vacina… nem estudos quanto mais.

Mas quer-me cá parecer que andam a adjectivar mal os ditos bichos, porque verdadeiros PORCOS, não são esses animais mal cheirosos e comilões nos estábulos… os verdadeiros PORCOS são os que colaboram com esta chacina.

E verdadeira gripe dos porcos é a gripe imperialista e capitalista que mata dia após dia sem olhar para trás… a outra é a gripe dos humanos que também tem de ser combatida, e urgentemente... mas dois pesos e duas medidas? Não nos atirem areia prós olhos!

PETIÇÃO PARA TERMOS MAIS MULHERES NOS PROCESSOS DE TOMADA DE DECISÃO POLÍTICOS!


É ALTURA DE UMA MUDANÇA NA EUROPA!
ASSINA A PETIÇÃO PARA TERMOS MAIS MULHERES NOS PROCESSOS DE TOMADA DE DECISÃO POLÍTICOS

2009 é ano de eleições: para o Parlamento Europeu e para a Comissão Europeia, para a Assembleia da República e para o governo autárquico, em Portugal.
A participação igual de mulheres e homens é uma exigência da democracia.
No Parlamento Europeu, 75% da representação portuguesa é assegurada por homens; 79% dos deputados eleitos para a Assembleia da República são homens; em 2007, foram eleitos 39 homens e oito mulheres para a Assembleia Regional da Madeira; na Assembleia Regional dos Açores apenas 15,8% de deputados eleitos é do sexo feminino. Nas autarquias, 6,2% das Presidências são asseguradas por mulheres; 21% das vereações são desempenhadas por mulheres.
As eleições Europeias aproximam-se rapidamente! Assina esta petição para garantir uma representação mais equilibrada das mulheres nos processos de tomada de decisão europeus! Simplesmente clica aqui e preenche o teu nome. A tua assinatura contribuirá para a democracia paritária!
A igualdade entre mulheres e homens ao mais alto nível da política europeia é necessária. Porque vivemos todas e todos na Europa!

http://www.5050democracy.eu/

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Avô Cantigas


Um beijinho para ti Vital. Estou solidário contigo porque ficas a saber que as pessoas sabem quem és e o que representas. As pessoas sabem que num momento de exigir uma mudança, tu não representas nada disso. Sabem que tu representas precisamente a manutenção do estado das coisas. As pessoas sabem, Vital, que és mais um cartaz do grande capital.
Coragem Avô Cantigas. Já nem as crianças são tuas amigas.

Não, não nos esquecemos

Há 35 nos, neste dia, ninguém trabalhou.





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