quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Em jeito de fim de ano.


Acaba-se o ano, com a noção de que se deu mais uma machadada nos direitos cívicos dos cidadãos. Ou pelo menos nos de segunda qualidade.

Em Outubro não foi aprovado o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não foi permitido que pessoas/casais que, actualmente, têm os mesmos deveres, possam vir a ter os mesmos direitos. E acabo por realçar que no Mundo, existem ainda 78 países que criminalizam a homossexualidade, sendo que destes, 8 aplicam pena de morte. É muito triste.

Escola pública



Mais do ano que passou: as manifestações gigantescas de professores. @s que saem à rua pela primeira vez. Por todo o lado, rostos que espelham a alegria da primeira revolta. Em Março. E em Novembro. Depois, a greve de Dezembro.

homens [e mulheres] que lutam um dia, e são bons;
Há outr@s que lutam um ano, e são melhores;
Há aquel@s que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há @s que lutam toda a vida.
Est@s são @s imprescindíveis.

Brecht
Adaptado


Ce n'est qu'un début, continuons le combat!

uiuiui!!! que isto já tresanda a campanha eleitoral... 2009 vai ser cá um fartote!!

Nos próximos dois anos, as obras públicas cujo valor não exceda os 5,15 milhões de euros podem ser atribuídas a uma empresa ou consórcio de empresas por ajuste directo, aprovou [ontem] o Conselho de Ministros.
dá-me sempre uma tremenda comichão quando leio/ouço alguém dizer que «os concursos públicos [de obras ou ofertas de emprego] são um grande empecilho»... cheira-me logo a negociata ou cunha... e imediatamente olho ao largo, perscrutando por onde andarão [a magicar "negócios"] o senhor engenheiro construtor civil e o senhor doutor "político" do Bloco Central do(s) PS(D)...
em 2009, com eleições autárquicas e legislativas (praticamente como 2 em 1), isto vai virar mesmo um circo insano... bE prepaRed!!

É necessário que algo mude para que tudo fique na mesma

Dois acontecimentos marcaram este ano: o Cavaco parou o país para falar dos Açores e o Obama ganhou a eleições americanas. O que é que estes dois acontecimentos têm em comum? O facto de não mudarem nada.

1. O acontecimento do Cavaco vale o que vale. Não vale nada, portanto. No entanto, se visto numa perspectiva transversal, ele resume bem um ano intensamente vivido politicamente. O presidente da República põe o país em suspenso – sim, porque o presidente da República tem o poder de pôr República suspensa – para falar de um desentendimento com o governo em relação a uma questão de pormenor nos Açores. Nada disto seria grave, se não fosse este o presidente da República esfíngico que não reage quando se fala da crise na Educação. Não seria grave, se não fosse este o presidente que não fala quando o governo regional da Madeira suspende a democracia (mais do que semestralmente…), ao impedir um deputado eleito de entrar no parlamento regional. Não seria grave, se este mesmo presidente da República falasse de precariedade, de desemprego, do serviço nacional de saúde – esses sim, problemas de regime. Não seria grave, se ele falasse de mais alguma coisa. Mas não fala, e por isso é grave.

2. Sejamos claros: a vitória do Obama traz um factor de mudança. É inegável. Antes de mais, traz um capital de esperança para os milhões de negros que há muito lutam pela igualdade nos Estados Unidos. Mudança haverá também em Guantanamo, por exemplo, acabando com uma das prisões mais vergonhosas da História. Mas o caso dos Estados Unidos, por se tratar do coração (embora um coração à beira de um enfarte) do capitalismo mundial, é sempre um caso à parte. E vitórias não esperamos nós do capitalismo. Porque os negros não vão deixar de ser explorados e discriminados porque Obama elegeu mais senadores, nem o facto de Obama ter vencido na Califórnia vai cessar a guerra infinita.

Ainda sobre a mudança. Li recentemente um artigo – datado de oitenta e pouco e publicado no jornal Combate – do recentemente falecido João Martins Pereira. Aí, Martins Pereira explicava brilhantemente a evolução de uma direita conservadora e saudosista, para uma direita com uma enorme paixão pela mudança. E aí se dizia algo que muitos parecem querer esquecer; é que nunca, ao longo da sua história, a Esquerda falou de mudança. Fala, isso sim, de transformação.

Carta aberta de Uri Avnery a Barack Obama

O ex-deputado do Parlamento israelense e um dos fundadores do movimento pela paz, Uri Avnery, redigiu uma carta aberta ao presidente eleito dos EUA, Barack Obama, sugerindo que o novo governo comece a agir pela paz israelense-árabe a partir do primeiro dia. "Infelizmente, todos os seus predecessores desde 1967 jogaram duplamente. Apesar de falarem sobre paz da boca para fora, e às vezes realizarem gestos de algum esforço pela paz, na prática eles apoiavam nosso governo em seu movimento contrário a esse esforço", diz Avnery.

Lê mais em Carta Maior.

Quem ri por último, ri melhor.

Ontem às 20.15 eu, mais uma larga percentagem da população portuguesa, parou para ver o discurso do Presidente da República que durou 7 minutos (e 5 páginas). Assisti ao espectáculo pouco edificante que se resumia numa casmurrice completa entre dois órgãos de soberania independentes.
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O novo estatuto dos Açores tem sido largamente discutido. Já, por outra vez, me fez parar diante da televisão (e, subsequentemente ter queimado o jantar) com a expectativa que o PR fosse dissolver a Assembleia. Não o fez. Ao invés realizou um comunicado em que falava das inconstitucionalidades do documento e que, portanto, ia ser vetado. Voltou para o Parlamento onde, depois de alteradas as inconstitucionalidades, foi aprovado por maioria. Voltou a ser vetado pelo PR. Este teve uma "conversinha" com o Parlamento, pedindo para alterar duas alíneas. O documento manteve-se absolutamente inalterado. É aprovado, novamente, por unanimidade, excepto a abstenção do PSD.
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Isto preocupa-me e a sério. Primeiro porque percebo que o PR para poder vir a dissolver a Assembleia dos Açores terá de ouvir mais órgãos do que para dissolver a AR. Sinceramente para mim, isto não fará muito sentido, tendo em conta que um é o órgão máximo de uma região autónoma enquanto outro é o orgão máximo de um país. Segundo, porque a manter-se a cláusula de que o Estatuto não pode vir a ser alterado (embora, claro, o PR ou o Governo seguinte possa sempre recorrer ao Tribunal Constitucional), é um sinal claro de que este PS é tudo menos democrático. Nada de novo, portanto. Usam e abusam da maioria absoluta. E neste aspecto tenho de concordar com o sô doutor Cavaco Silva, embora não o quisesse muito e embora achando que a forma como ele proclamou a sua convicção foi totalmente desnecessária.
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Agora, o que me faz realmente muita confusão e que não me entra na cabeça é todo o baile de interesses que isto tem gerado. Esta polémica PR versus PM só revela uma pré-campanha eleitoral de uma incompreensão desmesurada. E no fim de contas, ganhou o Sócrates ao ver aprovado um Estatuto, sem ceder a "exigências" ou "pressões" do PR, também em parte porque este tem vindo a perder qualquer poder e tem-se tornado uma figura meramente de decoração.

No fim de contas acabou por ficar tudo na mesma e o jantar ficou frio. Porreiro, pá!

Ataque político, revolta social



20 Novembro: Ocupação da Reitoria da Universidade Autónoma de Barcelona, contra a implementação de Bolonha.

Ventos de Este

Grécia 2008

Olá a tod@s, mais um blog, mais uma oportunidade de agitar e animar a malta!
O Mundo continua a desfazer-se e cá no burgo a vida continua má e as águas calmas.
Como não vou andar por cá quando voltar a escrever aqui já estaremos em 2009, os protestos na Grécia vão recomeçar, o mundo vai continuar a desfazer-se.
Na França, Itália, Grécia e Espanha já há gente que vai ganhando juízo, no tabuleiro do jogo político mundial invertem-se tendências e crescem tensões, talvez 2009 seja verdadeiramente um ano de mudança ( não graças ao Obama certamente...) ...
E cá, vamos assitir a tudo impávidos e serenos?
Beijinh@s a tod@s

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

De onde viemos, para onde vamos?

La Jeune Garde é uma canção revolucionária. A primeira versão foi escrita por Montéhus a partir de uma música de Saint-Gilles por volta de 1920.

Este cântico da juventude operária francesa foi escrita antes do Congrès de Tours, fundador do Parti communiste français. Antes da Segunda Guerra Mundial, foi cantado tanto pelas juventudes socialistas como pelas juventudes comunistas. A versão original de Montéhus começava com : «Nous sommes la jeune France...». Os movimentos comunistas substituiram-no por : «Nous sommes la Jeune Garde...». As duas primeiras estrofes são de Monthéus, as outras foram sendo acrescentadas. Hoje em dia substitui-se «ordre nouveau» da última estrofe por «monde nouveau».

Tradução de artigo da Wikipedia.

Podem ouvir aqui.

Este blog nasce hoje aqui, para desconstruir as rotinas e as opressões que nos engolem. Para denunciar a mentira da direita e perguntar, porque não um mundo novo? :)

Boas leituras!