quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tesourinhos deprimentes

E eu que só descobri isto depois das eleições...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O partido do desassossego


Quando um partido minoritário, como é o Bloco de Esquerda, ganha direito a tanta pancada política e a tantas intentonas de bastidores de campanha é porque ele importa e importa mesmo. Mais, quando um programa como o do Bloco desperta tal alarido no centrão, seja pela defesa de uma política fiscal clara que elimine a usura económica de uns em desfavor da maioria, seja pelo não regatear na defesa dos serviços públicos, que quer dar a todos o que é de todos, seja na defesa do emprego com direitos ou no apoio social para quem precisa, é porque esse programa, essa força, faz mexer, e vemos como tem mexido.

Ao centrar no Bloco o alvo dos seus ataques PS e PSD deixam a descoberto várias das suas farsas e vazios políticos e abrem espaço a várias questões, centro-me aqui em duas. A primeira diz respeito a escolhas governativas e, sobretudo, à constatação que nas questões essenciais, as que mexem o fundo à panela, PS e PSD pouco vezes divergem e muitas vezes dão as mãos, enamorados. Ora vejamos, na política de emprego é o próprio Bagão Felix, ex-ministro do trabalho da direita, a elogiar o código do PS de Vieira da Silva, pois este permitiu avançar na precariedade, na facilidade de despedimento e no enfraquecimento do contracto colectivo, sem falar na receita de M.F. Leite para relançar a economia, diminuir o custo do trabalho, a mesma defendida por Manuel Pinho. Na saúde é o próprio PSD a dizer que não mexe nas taxas moderadoras (tanto que o tema saúde nem figura no seu programa). Na questão essencial, a resposta à crise, a crise do sistema capitalista que se vive no desemprego (mais de 500 mil pessoas) o centrão encena discórdias, como no TGV que foi aprovado pelos ministros laranjas ou na segurança social que o PS alega ter salvo das garras da direita diminuindo as pensões. Agora na política que é preciso mexer, nas privatizações, no combate à corrupção, no investimento público, nos apoios sociais, na defesa da escola pública, nisso PS e PSD continuam, carinhosos, a sua história de amor.

A segunda questão é política. No PSD a máquina cavaquista provou estar perra, a demissão de Fernando Lima da acessória da presidência da república demonstra o caos político em que está mergulhado o partido, restando-lhe sacar, numa repetição da última semana de campanha de há quatro anos, um suposto acordo secreto entre Bloco e PS, o desespero político nem sempre desperta comiseração muito menos votos. Já o PS, segue a sua estratégia bipolar, por um lado uma liderança unipessoal que vendo o seu fim à vista se atira ao Bloco com voracidade, por outro as vozes que não tardaram a vir ditar possíveis caminhos, Ferro Rodrigues foi o primeiro, seguiu-se Ana Gomes e finalmente Mário Soares, todos acenando o Bloco como saída para o impasse governativo.

Tanto hoje como no dia 27 sejamos claros, quem nos meteu na crise não nos pode tirar dela, o Bloco defende uma política de esquerda combativa pois sabe que só apontando o dedo aos responsáveis se pode construir uma alternativa de governo, o PS não faz parte dessa alternativa porque escolheu combate-la, escolheu defender as políticas liberais que nos conduziram até aqui. Uma esquerda grande, que se constrói a partir de um programa de governo que desassossegue o centrão e que saiba ancorar as lutas sociais por uma saída socialista para a crise, é essa a saída e a escolha de mudança que deverá ter domingo um impulso importante e o voto no Bloco de Esquerda é, sem dúvida, o que melhor lhe pode dar forma e concretização.

domingo, 20 de setembro de 2009

Comunicação Social e Eleições

Uma coisa é sentir-se uma leve tendência deste ou daquele jornal, deste ou daquele canal para este ou aquele partido.
Outra é dizer que uma sala está vazia quando esta tem espaço para 1600 pessoas e estão presentes mais de 2000.
Ou passarem apenas as imagens das últimas 5 filas que ainda estão vazias porque o evento ainda não começou e ignorar as outras 30 que já estão cheias.
Ou mandarem "escândalos" que não querem dizer absolutamente nada apenas a uma semana de eleições.
Oh minha gente, isto não é trabalho, não é jornalismo. A isto chama-se incompetência.

Jeune Garde musical.



Melanie Safka - Beautiful People


Foi há 40 anos que aconteceu um momento único na História, 3 dias de paz, música e amor. Woodstock. E a Melanie esteve lá, obviamente.


Segue aqui a letra



Beautiful people
You live in the same world as I do
But somehow I never noticed
You before today
I'm ashamed to say

Beautiful people
We share the same back door
And it isn't right
We never met before
But then
We may never meet again
If I weren't afraid you'd laugh at me
I would run and take all your hands
And I'd gather everyone together for a day
And when we're gathered
I'll pass buttons out that say
"Beautiful People"
Then you'll never be alone
'Cause there'll always be someone
With the same button on as you
Include him in everything you do.

Beautiful people
You ride the same subway
As I do every morning
That's got to tell you something
We have so much in common
I go the same direction that you do
So if you take care of me
Maybe I'll take care of you

Beautiful people
You look like friends of mine
And it's about time
That someone said it here and now
I make a vow that some time, somehow
I'll have a meeting
Invite everyone you know
I'll pass out buttons
To the ones who come to show

Beautiful people
Never have to be alone
'Cause there'll always be someone
With the same button on as you
Include him in everything you do
He may be sitting right next to you
He maybe be a beautiful people too
And if you take care of him
Maybe he'll take care of you
And if you take care of him
Maybe he'll take care of you ...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

pertinho do Dia Europeu da Mobilidade: "novo" «Sol da Caparica», dos Peste & Sida

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

urgente... !


Os Homens da Luta estão de volta e desta vez mandaram a campanha do PS abaixo...

Dá-lhe falâncio :D

A Jorna

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Barroso pouco unanime apesar do que se diz por ca


Em Portugal, a recandidatura de Barroso a presidente da Comissão Europeia tem sido apresentada como gozando de largo consenso europeu, de onde se excluiriam apenas as faixas extremas do espectro político.

Para dar uma leve ideia do espírito que se viveu hoje no hemiciclo de Strasbourg, aqui vos deixo uns curtos extractos de intervenções de presidentes de grupos políticos que não se situam nos sectores mais à esquerda e mais à direita da sala.

Martin Schulz, presidente do grupo socialista S&D, onde se integram os deputados do Partido Socialista:
Porque é que o apoio ao Sr. é tão polémico no Parlamento e tão unânime no Conselho? Porque esteve sempre ao serviço dos governos, é por isso que há tanto cepticismo relativamente a si. E porque tem uma maioria que inclui opositores ao Tratado de Lisboa.
Não é aceitável que na sua Comissão não se sossegue enquanto não for privatizado até ao último cemitério municipal na Europa...
Porque não apoia que, num determinado local, a trabalho igual terá de corresponder sempre um salário igual, contra aquilo que impuseram os acórdãos dos casos Viking, Laval e outros?
O apoio do meu grupo não o vai ter.




Guy Verhofstadt, presidente do grupo liberal ALDE:
As suas propostas têm pontos de partida errados. É necessária uma nova estratégia comunitária. Por isso, o nosso apoio será condicionado.



Daniel Cohn-Bendit, presidente dos Verdes:
Olhem para ele agora, José Manuel Obama, yes he can, ele pode tudo. Acabou o pequeno Barroso. Atenção Conselho, atenção governos: agora é ele que manda!
Não temos confiança em si. A sua ideologia esteve na base desta crise, não confiamos nela para sair da crise.
Votaremos contra porque achamos que a Europa precisa de mais e melhor do que você.

Roubado ao Renato Soeiro

Os Gato Fedorento estão de volta!

E não podiam voltar melhor.
A começar com a entrevista ao Primeiro-Ministro, Ricardo Araújo Pereira não perdoou e, como os filhos de Sócrates o avisaram, e bem, chegou a ser maldoso.
Mas Sócrates também não esteve mal, safando-se com algumas piadas e tentando levar tudo numa de "brincadeira".
Mais nervoso para o final, e já menos risonho, diz ao Ricardo Araújo Pereira para se render à Social Democracia mas numa de quem diz "Já não tens idade para brincar nestas coisas!".
Para finalizar veio o "caso TVI" e a expressão facial de Sócrates diz tudo. Por aquela não esperava ele.
Hoje à noite teremos Manuela Ferreira Leite. Veremos como se safa.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

754 mil pessoas presas por posse de marijuana nos EUA em 2008


A Policia Americana deteve 847864 pessoas por delitos relacionados com marijuana em 2008, segundo o Uniform Crime Report do FBI publicado hoje.

O mais impressionante desta noticia que encontrei na NORML é que 89%, ou seja, 754224 americanos foram so acusados de posse, sendo que nos restantes 11% sao acusados de venda/producao, uma categoria ambigua, visto que inclui todas as formas de auto-cultivo, seja para consumo pessoal recreativo, seja para consumo medicinal, que é legal em alguns Estados, como a California.

Ainda mais impressionante é o facto destas detencoes serem metade (49,8%) de todas as detencoes relacionadas com drogas nos EUA. Diz muito sobre a estratégia de combate as drogas e suas prioridades.
A NORML estima que mais de 20 milhoes de americanos foram presos desde 1975 por posse de marijuana.

Sabe quem é o Miguel Portas?



Muitas pérolas :)

sábado, 12 de setembro de 2009

Governo holandês quer limitar acesso dos turistas às coffee shops

O governo holandês propôs ontem que as “coffee shops” nacionais, os cafés onde é legal comprar e consumir canábis, se transformem em clubes privados para cidadãos nacionais, com o intuito de dificultar a venda desta substância aos turistas.

Do ponto de vista economico, é uma medida simplesmente estupida.
Todos os dias milhares de turistas de todo o mundo, mas principalmente da Franca, Bélgica e Alemanha atravessam a fronteira holandesa para fugir a hipocrisia das suas leis nacionais em relacao a canabis. Dos cerca de 700 coffeeshops existentes na Holanda, a maioria tem grande parte dos seus clientes a vir de fora da Holanda, a trazer dinheiro e a criar emprego.

Do ponto de vista juridico, é ilegal.
É proibida pela Lei Europeia qualquer tipo de discriminacao indirecta entre cidadaos de Estados-membros em razao da nacionalidade. O Governo Holandes actual é um governo ultra-conservador aliado a extrema-direita que tenta assim encapotar uma medida xenofoba com o pretexto dos "bons costumes".

Quando estive em Amsterdao, senti liberdade. Liberdade de poder consumir algo que so a mim me diz respeito, com qualidade e sem ser perseguido pela policia. Para quem nao consome canabis, podem imaginar se o alcool fosse proibido em Portugal e so fosse vendido legalmente na Holanda. Imaginem a sensacao. Obviamente que depois ha gente que exagera, como ha quem exagere ca com o alcool. Mas a legalizacao funcionou na Holanda, praticamente acabou com o crime relacionado com drogas leves e aniquilou a venda de rua, que so beneficia os grandes traficantes, como acontece em Portugal.

Edit.
Lembrei-me agora que como retaliacao, deviamos proibir a venda de vinho do Porto ou queijo da serra aos turistas!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Queres viajar? Então despacha-te.

" O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) anunciou que decidiu convocar uma greve para os dias 24 e 25 de Setembro, devido ao "descontentamento insustentável manifestado pelos pilotos da TAP"."

O descontentamento chega a todo o lado, até aos aeroportos.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

a pérola dos democratas cristãos


Sobre a segurança social diz-nos Ascensão Cristas do CDS - PP: Uma pessoa que ganhe a cima de 6 salários mínimos (isto é acima de 2700 euros) deve poder colocar os seus descontos para a segurança social no fundo privado para que esse dinheiro não sirva para ajudar desempregados, idosos ou pessoas com doença incapacitadas de trabalhar. Sem dúvida um principio solidário típico dos nossos "democratas" cristãos.

Bandeiras ao alto, o nosso coração está em deus...


Não andam a brincar aos políticos: andam a bricar aos democratas!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Primeiro MFL diz que tudo o que diz estará no programa. Depois, MFL diz que disse, mas não disse porque não está no programa.

domingo, 6 de setembro de 2009




1 - 0 para a Esquerda! ;)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Alguém tem aí um Belmiro que me possa dar explicações?

A Juventude Social Democrata – cujo nome, com o passar do tempo, perdeu o hífen e o sentido – lançou um novo site na Internet. Sob o título “Novo Portugal”, a JSD pretende receber e divulgar propostas eleitorais, relativas a várias áreas da vida da juventude portuguesa.

Ao visitar o referido site, durante esta semana, deparei-me com uma proposta, que preenche toda a homepage laranjinha, intitulada “Ensino superior mais próximo do meio empresarial”. A autoria será do jovem militante social-democrata de Gaia, Fernando Almeida. Na base da proposta está a ideia de que é necessário, no ensino superior público, “ter também como docentes personalidades oriundas do meio empresarial”. Porquê? Porque, claro está, “um professor, por muito bom que seja, não consegue transmitir ao estudante a vivência empresarial”.

A retórica da aproximação entre o mundo empresarial e a universidade vem de longe e já há muito que vai fazendo caminho. Nos últimos tempos, terá voltado à superfície com a implementação da ‘nova gestão universitária’: primeiro com o processo de Bolonha, depois com o imposto Regime Jurídico. Tudo isto vinculado pelo oportuno e conveniente subfinanciamento das instituições de ensino superior. Perante a ideia de uma inevitabilidade sistémica, à escala europeia, a ‘nova gestão escolar’ tomou lugar em todos os graus de ensino, do básico ao superior. A legitimação desta linha política tem a sua base na ideia, tantas vezes repetida, de que só um reforço da influência do mundo empresarial na educação contribui para acabar com aquele que é um dos grandes problema estruturais do mercado de trabalho – o desemprego entre os jovens qualificados e a precariedade dos jovens empregados.

Numa altura em que tanto se fala, e bem, dos números monstruosos do desemprego ao nível nacional, não nos esqueçamos de que o desemprego entre os jovens (16-30 anos) é já superior aos 20%. Dos jovens que conseguem arranjar trabalho, segundo dados do inquérito ao emprego (INE, 2004), cerca 70% têm um vínculo de trabalho “precário” e “instável”. O autor da proposta da JSD avança uma série de possíveis futuros professores – desde António Câmara a João Nabeiro (recentemente envolvido num caso judicial relacionado com a gestão dos trabalhadores da sua empresa), passando pelo inevitável Belmiro de Azevedo. Este último é, como se sabe, dono da SONAE, grupo empresarial que funciona com base na precarização e flexibilazação dos vínculos laborais dos jovens trabalhadores. Daqui se conclui que a solução da JSD para resolver o problema do desemprego e da precariedade entre os jovens é dar o lugar de professor universitário àqueles que são os responsáveis níveis máximos históricos do desemprego e da precariedade entre os mais jovens.

Sobre orientações pedagógicas, a proposta de Fernando Almeida não avança uma única palavra. Afinal de contas, segundo as palavras do próprio, a universidade é “dominada por professores com elevada competência científica (…), mas que se encontram demasiado distanciados da realidade das empresas e da vivência dos empresários”. O que interessa é introduzir, a qualquer custo e de qualquer forma, as bases da economia mais liberal na educação. Num tempo em que os demagogos liberais da direita política e social tanto papagueiam em nome da liberalização do ensino, bom seria que, em vez da obsessão de introduzir o meio empresarial na educação, pensássemos em introduzir um pouco de educação no meio empresarial.

João Curvêlo
(Publicado originalmente no Reunião Geral de Alunos, do 'Expresso')

Vou la estar no domingo! Querem vir?


O Tam Tam de Montréal acontece desde 1978, todos os domingos. Milhares de pessoas juntam-se para tocar, dancar, pike-nikar, namorar, desde que haja sol. Ouvi dizer que no Inverno também se juntam num espaco interior, mas prefiro apreciar este evento ao ar livre :)

Do site que obviamente nao é oficial: "Os Tams Tams de Montreal sao tambores de paz que ressoam em unissono todos os domingos. Um convite ao sonho, a musica e a danca"

2º "debate"



Debate? Tentativa de mostrar quem tem um discurso mais à esquerda? Cautela tendo em conta as lutas que se avizinham? Cautela tendo em conta a necessidade de daqui a uns tempos tirar de lá Cavaco?

Na verdade, pouco ficamos a saber qual a diferença entre votar Bloco ou votar PCP mas também a conjuntura não pedia nem metade disso...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Cuidado, Policarpo, eles andam ai!

O cardeal-patriarca de Lisboa repreendeu hoje bispos e padres que "se consideram com o direito de decidir pela sua cabeça" em vários domínios da Igreja Católica, considerando que isso fragiliza "a proposta cristã" e cria "divisões". D. José Policarpo notou também que, muitas vezes, o pastor aproxima-se de um gestor de empresas.

Eu adoro este homem, principalmente quando nao esta calado.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Na blogconf de Pedro Santana Lopes

Infelizmente nao ouvi em que blogue escreve esta senhora residente em Cascais que disse, de alma e coracao, algo como:

"E agora o meu lado feminino: estou desejosa que seja eleito Presidente da Camara de Lisboa para que a cidade tenha a mais linda iluminacao de Natal da Europa"

Prémio "Enganaram-se no nome do blogue!"

Marta Rebelo, digna escriba do Blogue de Esquerda deu-se ao luxo de vomitar isto:

E só mais uma coisita, a propósito do desporto rei: se o Liédson jogar pela selecção portuguesa, deixo de assistir aos jogos. Não por qualquer espécie de discriminação contra os estrangeiros. Mas gostava que a selecção não fosse constituída por brasileiros naturalizados, e caminhamos para a ausência de portugueses.
Verdade que depois de naturalizados são, para todos os efeitos, portugueses. Mas para efeitos futebolísticos não. Na selecção, não!

Digno da xenofobia mais basica.
Ja empanturrarem os nossos filhos de Happy Meals, isso é muito chique e globalizado, nao é doutora? Agora um jogador de futebol nascido noutro pais, como o Nani, o Bosingwa, etc, trabalhador em Portugal ha varios anos que quer dar o seu contributo para a Seleccao Nacional, nao pode ser.
O que é engracado é que no post anterior Marta Rebelo critica Manuela Ferreira Leite por nao concordar com o casamento entre pessoas do mesmo sexo: "Todavia, chegados ao século XXI, talvez fosse boa ideia que a líder do PPD-PSD olhasse à sua volta, e percebesse a dinâmica social."
Talvez a Marta pudesse olhar a sua volta, perceber a dinamica social, e ver que ha 6 meses atras o seu partido tambem votou contra o casamento de pessoas do mesmo sexo e que ha centenas de milhares de pessoas a quem ela chama de "estrangeiras" a votar no partido dela.

Peco desculpa pela falta de acentos mas estou num teclado "estrangeiro" e nao os encontro.

CDS-PP ou Grupo Espirito Santo no Governo?

A Birmânia no jogo energético

A oligarquia é adversa à democracia embora nem sempre a democracia seja adversa à oligarquia... Isto porque nunca houve oligarquias democráticas, mas já houve (e continuam a haver) democracias oligárquicas. Assim a Birmânia foi crescendo e se formando naquilo que hoje é...


Lê mais!

Passando de uma democracia independente na metade do século (1948), foi modelada por uma apropriação oligárquica do sistema, que colidiu com o golpe de estado do general Ne Win em 1962. Isto porque a democracia em sentido puro é incorruptível e quando a democracia se deixa minar ao ponto de ser derrubada ou é porque é uma democracia corrupta ou porque se começou a transformar numa democracia oligárquica. Foi assim que, em nome de um qualquer “socialismo birmanês” foi nacionalizada toda a economia, mas para as mãos de quem? Do povo? Dos trabalhadores? De quem nada mais tem que a sua força de trabalho? Não (...) seguindo os lobbies oligárquicos que lhe deram origem a economia birmanesa ficou, após o golpe de estado, nas mãos da casta militar: o país foi isolado (até se acabaram com os passaportes...); foi lançada uma brutal ofensiva xenófoba que expulsou do país Indianos e Paquistaneses principalmente; intensificou-se a caça às minorias étnicas; contudo após várias revoltas a ditadura de Ne Win afundou-se com os tumultos de 1988, após o massacre de 3 mil pessoas. De certo modo restabeleceu-se a esperança... A junta militar que sucedeu fez eleições em 1990 e a Liga Nacional para a Democracia de Suu Kyi obteve quatro quintos dos votos. Ironia das ironias, na selvajaria “oligárquico-democratica” birmanesa as eleições foram anuladas. Suu Kyi foi presa e restabelecida a ditadura, esta sob o comando de Than Shwe que blindando o regime Birmanês continua nos dias hoje a praticar verdadeiras chacinas que passam ao lado (mais uma vez...) das grandes potências. Na verdade, por vezes é questionável para que se celebrou uma declaração Universal (para todos) dos direitos do Homem quando esta é brutalmente desrespeitada por quase todos, principalmente as grandes potências – EUA, UE, Rússia, China, etc -, foi provavelmente para cumprir formalismos... Assim como não percebo como é que se tolera que a ONU seja um instrumento político dos grandes do Mundo, que quando têm interesses económicos a impedem de actuar. Exemplo disso é a recente prisão de Suu Kyi que além de ser um brutal ataque à liberdade da mesma e um incompreensível e condenável ataque dos generais Birmaneses, evidência uma total hipocrisia política e moral de países como os Estados Unidos, a Rússia e a China (com a obvia colaboração da UE). Na verdade Pequim e Moscovo são os principais responsáveis pois foram estes que vetaram as sanções ao país. Mas não pensemos que os outros são inocentes... Porque é que Clinton e Obama não estabeleceram a Birmânia como uma prioridade na Ásia? Se virmos bem, dos países asiáticos só as Filipinas e a Indonésia é que não optaram pela “não ingerência” sobre esta questão, sendo que a China protagonizou o discurso mais ofensivo que aliás vai de encontro à ditadura horrorosa que por lá mora: “A comunidade internacional deve respeitar totalmente a soberania da justiça Birmanesa”, frase simples mas que diz tudo de um país que acha que quando há violações brutais de direitos humanos num país isso deve passar impune, porque se deve respeitar a soberania dos países. Só se deve respeitar a soberania dos países quando estes aplicam três valores base de qualquer sociedade: a democracia, a liberdade e o respeito pelo homem. Já do Ocidente existem diferenças discretas entre quem quer sanções pesadas e os que não querem (mas dizem condenar por razões morais). Mas importa perceber o que está por detrás da questão, porque é que China, Rússia, Tailândia, Índia, Singapura (etc.), se colocam nesta posição? A questão energética é a questão central porque ninguém condena a Birmânia e os seus ataques à liberdade e à democracia. E sobre a questão energética existem pontos-chave: todos estes países utilizam portos birmaneses; foram encontradas novas jazidas de petróleo e gás; está a ser construído um oleoduto e um gasoduto entre a Birmânia e a China de 2800 quilómetros; a Tailândia é o primeiro cliente de gás da Birmânia; a Índia não quer dar à China o monopólio energético sobre a vizinha Birmânia (daí ter mudado radicalmente a sua posição em relação a Suu Kyi); a Rússia ir vender centrais nucleares à Birmânia... Enfim, neste tabuleiro político em que os interesses energéticos e económicos se sobrepõe ao respeito pela liberdade, pelo homem, pela democracia, estão sentados todos os países que nos vendem discursos pacifistas e democráticos... Os mesmos que não vacilam vetar sanções na ONU – Birmânia -, os meus que não vacilam vetar na ONU intervenções em catástrofes humanitárias – Darfur -, os mesmos que se orgulham de participar na guerra do petróleo – Iraque / Afeganistão -, os mesmos que se regozijam na presença de xenófobos neo-fascistas – Itália -, enfim, os mesmos que apoiados pelo silêncio e pela cumplicidade dos outros são os verdadeiros criminosos do Mundo, que se vendem tudo e todos, em troca de petróleo, de dinheiro e de poder.

Artigo publicado em: http://www.acomuna.net/content/view/240/1/