(Tomo por pretensiosa esta necessidade, mas depois de ver um programa de ioga, fiquei com vontade de receitar tratamento – no fundo- José Sócrates convém-me neste processo.)
Vou dar início à sessão:
- deite-se de costas e feche os olhos; respire calmamente, inspire pelo nariz, expire pela boca; concentre-se nas minhas palavras;
- neste momento o chão diz-me sentir maior tensão por parte dos músculos occipital, trapézio, grande glúteo e gémeos; tente manter o ritmo da respiração;
- concentre-se no seu discurso habitual durante trinta segundos; agora abra os olhos e imagine-se na posição de Carole Scheemann em Eye Body; volte a concentrar-se no seu discurso; repare agora que o seu discurso não é corpóreo; portanto tem sido natural e corrente um desgaste maxilar desnecessário, já que a comunicação não é significativa;
- feche novamente os olhos; ponha agora a tensão apenas no occipital, no trapézio e nos calcanhares de Aquiles; mantenha a zona sacro-pélvica suspensa para fortalecer os glúteos, o grande oblíquo e os rectos; mantenha-se nesta posição até que eu a contrarie; mantenha os braços no chão e não interrompa a suspensão com o possível aparecimento mais vincado da sua curva entre a parte superior dos costureiros, a posição pode facilitar-lhe de forma desmedida a excitação, se focar a sua imaginação na fazedura de um bico eficaz; resista na mesma posição e imagine-se na Assembleia da República, ignore as bancadas à sua direita e concentre-se na bancada à sua esquerda durante um minuto; agora imagine-se a ouvir a sua bancada; repare que, tem-se, imediatamente, vontade de projectar bolas de papel condensadas em saliva, daquelas que partem de canetas sem adornos, sequer a Alberto Martins;
- abra os olhos; pode voltar à posição inicial;
- inspire; expire; levante agora o braço esquerdo, de forma a sentir a sua verticalidade; agite a mão; feche os olhos e movimente os dedos; mantenha o braço firme; ignore a histórica frase «de nossa certa ciência e poder absoluto» e imagine-se a ouvir os dois pianos de Steve Reich; concentre-se no som, no movimento das coisas e na imensa complexidade que lhe advém; abra a mão esquerda; repare como é fácil manter a mão esquerda aberta acima da básica moeda de bolso; concentre-se nesta fórmula, se contrariar a sua obrigatoriedade, decerto poderá ser lisonjeado com o poema traduzido de Marianne Moore “A Embalsamada Política” que de começo tem: Nada há a dizer a teu favor.
- abra os olhos; volte a pousar o braço; respire fundo e repense descontraidamente a experiência desde o seu início;
- repita;
terça-feira, 17 de março de 2009
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