A trapaça política que José Sócrates tem para o PS é de uma hipocrisia brutal, é uma tentativa suja de viragem a ideias e a ideais que nunca se propôs realizar enquanto governo e que são hoje bandeiras de combate de um partido dito socialista que se quer apresentar à esquerda mas que na verdade é a cara suja das políticas liberais, desruladoras e incompetentes que nos afundaram na crise interna estrutural que hoje vivemos.
O PS de hoje é um total subserviente daquilo que são os lóbis políticos e económicos da grande burguesia europeia e nacional, que deixa sistematicamente que o poder económico se sobreponha ao poder político.
O que acontece hoje é que José Sócrates em gestos marketindarizados e comercialmente pensados tenta criar uma lista às legislativas onde se encontram grandes nomes da cultura, das causas sociais e da esquerda... nomes como Inês de Medeiros, Miguel Vale de Almeida ou Joana Amaral Dias (?).
Sem dúvida do ponto de vista do marketing político a inclusão de pessoas mais ligadas à esquerda, à cultura, às causas sociais seria um excelente estratégia caso o PS nestes quatro anos de governo tivesse tido realmente uma política de esquerda, intimamente ligada à cultura e às causas sociais. Mas não esteve nem perto disso...
Aliás eu, como defensor das causas LGBT era incapaz de estar numa lista de um partido que em Novembro passado votou contra a legalização do casamento homossexual, assim como actor cultural que ainda vou sendo era incapaz de estar num partido que dá à cultura e ao desenvolvimento cultural menos de um por cento do orçamento de estado.
Mas felizmente (e acho que deveríamos estar atentos a este sinal) Joana Amaral Dias disse não!, e regateou de uma forma sublime: não, por razões obvias!
Por razões óbvias Joana Amaral Dias apesar de estar afastada do Bloco disse não ao PS, não a José Sócrates e não às políticas liberais de um partido que se diz socialista mas que nem um estatuto social-democrata consegue alcançar.
Apesar de alguns nomes de peso (é verdade), o PS de hoje e que agora segue para as campanhas, jamais conseguirá apagar aquilo que foram quatro anos de rendição e subserviência às políticas liberais e aos grandes interesses económicos...
Desde a concessão do sector a energia aos grandes grupos políticos e económicos privados (Américo Amorim, e aos tão ilustres “Eduardo dos Santos”), desde pactuar com a grande ofensiva que irá fazer da água um recurso privado, desde a destruição continua e insensível do serviço nacional de saúde e de pontos destes que exerciam sobre as populações do interior uma enorme importância, desde a destruição dos sectores produtivos como a agricultura e a pesca pactuando com os grandes interesses que na selvajaria liberal se apropriam dos fundos comunitários, desde a humilhação aos professores, aos alunos e da escola pública, desde a protecção descarada aos banqueiros que afundaram o sistema financeiro português e que fizeram com que os contribuintes metessem (em vez dos reais responsáveis) dois mil milhões de euros nesses bancos, desde a incoerente reforma da segurança social que em vez de aproveitar outras formas de financiamento como um imposto sobre as grandes fortunas como o bloco propôs prefere encontrar uma formula de calculo que fez baixar substancialmente as reformas em Portugal e que distancia milhares delas do salário mínimo, desde o pactuar com os grandes lobbies económicos que colocam o interesse imobiliário, económico e político à frente daquilo que é o interesse ambiental (como o caso dos contentores em Alcântara), desde o brutal desrespeito pelo interior não fazendo nada consideravelmente relevante para fixar pessoas, jovens, serviços, postos de trabalho, desde o pacto com o patronato impondo um código de trabalho irrealista e penalizador dos direitos dos trabalhadores, nunca combatendo a pratica dos baixos salários e da precarização laboral (a ofensiva patronal do século XXI), passando também pelo continuo desprezo pelas comunidades imigrantes, pelas pessoas honestas dos bairros socais, por todos os gays, lésbias, bissexuais e transexuais que viram o PS aliar-se ao ultra conservadorismo, além da subserviência perante o imperialismo Americano que faz com que tenhamos soldados a matar inocentes por exemplo no Afeganistão. E sobretudo os dois milhões de pobres e os milhares de desempregados que hoje são a evidência mais nítida da incompetência do neo liberalismo...
Enfim por muita viragem de nomes e de imagem que José Sócrates queira fazer os nomes que perpetuaram e pactuaram com estas políticas estão todos nessa lista: Vieira da Silva (Setúbal), Ana Jorge (Coimbra), Luís Amado (Leiria), Pedro Silva Pereira (Vila Real), Jorge Lacão (Santarém) e Bernardo Trindade (Madeira), Jaime Gama (Lisboa) António José Seguro em Braga, José Junqueiro em Viseu, Mota Andrade em Bragança, Carlos Zorrinho em Évora, Miranda Calha em Portalegre, Luís Ameixa em Beja e Ricardo Rodrigues nos Açores, Alberto Martins (Porto), Maria de Belém (Aveiro), João Soares (Faro), Francisco Assis (Guarda), e Rosalina Martins (Viana do Castelo) e o indomável José Sócrates por Castelo Branco.
A verdade é que ainda que com alguns nomes considerados mais à esquerda na tentativa de uma lavagem comercial, as políticas não enganam, não metem e são bem claras: são políticas economicamente liberais, socialmente conversadoras e totalmente subservientes face à grande finança, ao grande capital e aos senhores do Mundo.
É isso que nos distingue, é que nós somos o oposto disso!