Nos ultimos tempos 4 amigos meus emigraram. O Paulo, o João, o Marquês e o Rui não encontravam trabalho em Portugal.
O Rui já tinha trabalhado em muitos sítios, desde fábricas de parafusos à CML. Quando ficou desempregado, decidiu emigrar para a Noruega, onde já vivia o irmão. Está agora a trabalhar em Hotelaria, sindicalizado e a receber mais algumas largas centenas de euros do que em Portugal. Apesar disso, sente na pele o racismo institucional e social por ser quase "africano" e por não só se exprimir em inglês.
O Markez, como todos o conhecem, tirou o curso profissional de electricista em Torres Novas. Depois de ter feito o estágio e de procura de emprego estável, decidiu rumar a Barcelona tentar a sua sorte. Se desse, porreiro. Senão, regressava e saltitava de trabalho em trabalho. Conseguiu emprego nas primeiras semanas. Um emprego estável, a ganhar 2 mil euros por mês, e casa no centro de Barcelona.
O João depois de ter congelado a sua licenciatura na faculdade de letras, da qual poucas cadeiras lhe faltam concluir, precisou de ir procurar trabalho. Trabalhou durante longos meses como vendedor porta-a-porta para a Zon, fazendo kilómetros por dia, em tempos de crise e desemprego, tentando convencer as pessoas da linha de Sintra e arredores a comprar o kit da televisão moderna. Foi promovido pelo seu bom trabalho, subindo na hierarquia e passando a formador de vendedores como ele, trabalhando durante 12 horas/dia. Passado algum tempo, farto de ser explorado, mudou-se para Cabo Verde, onde agora vive a 20m da praia e pode ir dar um mergulho ao mar antes de ir trabalhar. O tabaco, do qual o João é grade fã, custa o equivalente a 8 euros o volume. Ele tem um blogue onde podem seguir os seus comentários à realidade caboverdiana e suas curiosidades.
O Paulo já tinha emigrado muito cedo para Barcelona, onde trabalhou e viveu desde os 17 anos, passando também por Hendaye, em França. Há 5 meses atrás, decidiu regressar ao bocado de terra que o viu nascer, ficando 4 meses em Lisboa à procura de trabalho. O Paulo tem, apesar dos seus 20 anos, um currículo mais preenchido do que muitos mais velhos do que ele. Fala Português, Francês, Catalão, Castelhano e está a aprender inglês e basco. A única resposta positiva que recebeu, já desesperado, foi da Telepizza. Um part-time a ganhar 160 euros por mês. As desculpas para não contratarem o Paulo foram variadas, mas a mais frequente era "tem demasiadas preocupações". Decidiu regressar a Barcelona, sendo que em Espanha a taxa de desemprego ronda os 14%. Conseguiu emprego e casa na primeira semana. Trabalha agora no departamento internacional duma empresa tipo ACP a ganhar quase 2 mil euros.
O flagelo da precariedade e do desemprego afectam cada vez mais os jovens em Portugal. Uma licenciatura custa entre 3 a 5 mil euros, tendo em conta as propinas actuais, que provavelmente irão aumentar em breve. Um emprego de caixa no continente ou de vendedor de cartões de crédito não dá mais que 600 euros por mês. Um quarto em Lisboa custa pelo menos 250 euros, e tem que ser alugado, porque ninguém faz um crédito habitação a quem trabalha a recibos verdes. A alternativa esta vida precária, instável e infeliz é a emigração. aqui ficam 4 histórias de amigos meus. Tenho a certeza que muitos de vocês também conhecem outros casos.
terça-feira, 9 de junho de 2009
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