quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Filmes da década
2003
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
O golpe de 1964
A direita brasileira não podia mais brincar à democracia
A resposta da direita civil e militar surge também na forma de movimentação de massas, as “Marchas da Família com Deus e pela liberdade” enchem as ruas de São Paulo e registam-se grandes movimentações de tropas do exército um pouco por todo o país. Estas demonstrações deixam à vista as bases frágeis do governo de Jango e a sua incapacidade para levar a cabo uma radicalização de cariz classista como saída para a crise política, embora seja controverso afirmar que tenham sido estas as responsáveis pela decapitação do governo. Perante a marcha das tropas do General Olímpio Mourão, em 31 de Março, com destino ao Rio de Janeiro e a incapacidade do Governo em articular uma resistência armada, João Goulart abandona o poder retirando-se para sua terra natal, donde assiste à transferência de poder operada pela Câmara dos Deputados que entrega a Presidência ao General Castello Branco. A primeira e mais notória medida de Castello Branco, por sinal, foi revogar as leis que limitavam a remessa de lucros ao exterior e aquela que decretava a Reforma Agrária de terras devolutas às margens das rodovias federais. O Exército confirmou ser a organização que melhor podia servir, com seus quadros burocráticos e sua força coerciva, os interesses das oligarquias do campo e a burguesia urbana, ansiosas por estabilidade social. Com o golpe o próprio exército abafou ainda a subversão de sargentos e marinheiros, ligados ao movimento de Brizola que vinham demonstrando apoio ao governo de Goulart.
O imobilismo da esquerda
De qualquer forma, o facto de a resistência de esquerda ao golpe ter sido residual ou nula levanta até hoje o debate sobre a classificação do golpe de 1964, sendo a única certeza que a organização política montada em torno do governo de Goulart implodiu arrastando com ela boa parte das organizações de luta dos anos precedentes. Em particular o PCB faz uma crítica interna dura com o seu posicionamento de aposta na frente única, “O resultado dessa política foi trágico. Toda a esquerda na época pagou um alto preço pelos erros de avaliação. No dia do golpe, alguns militantes do PCB chegaram a achar que o Exército estava nas ruas para “defender a legalidade.”
Envolvimento dos E.U.A – O mito do papão imperialista ou o polimento da lente?
Como em todos os acontecimentos do pós segunda guerra é impossível não analisar o posicionamento dos E.U.A, sobretudo quando o assunto é a América Latina. Sendo certo que o envolvimento yankee na aventura golpista brasileira foi sendo o centro de muitos debates, sobretudo na esquerda revolucionária reconfigurada e caída de amores pelo PT, a divulgação recente dos documentos da CIA, sobretudo o acesso à gravação telefónica que colocamos abaixo, onde Lyndon Johnson diz o que diz, não deixa grande margem para teimas. Os documentos da CIA ainda revelam que o governo dos EUA, por meio de Lincoln Gordon (Embaixador norte-americano), articulou todo um apoio logístico, caso os golpistas enfrentassem alguma resistência armada.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
parcos resultados(?) saídos da Cimeira de Copenhaga. a arte urbana pronuncia-se... LA - PI - DAR!!
(...) with the words disappearing below the water
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Socialismo e Democracia, um casamento perfeito!
O enigmático país que acolheu a morte do guerrilheiro cumpre hoje o presságio que Guevara havia deixado. A vitória absolutamente democrática de Evo Morales na Bolívia, mais que uma razão para festejo de todos os socialistas é uma razão para reafirmarmos a esperança… A esperança no ressurgimento do socialismo do século XXI, absolutamente livre e absolutamente democrático. É obvio que isto está a incomodar os senhores do Mundo, afinal de contas, na Bolívia está-se a construir um socialismo democrático e anti autoritário, quem diria que seria possível, hein?
Quando na Bolívia em Janeiro sai vencedora a nova constituição Boliviana (e ao mesmo tempo Bolivariana) percebeu-se que a Bolívia caminhava para uma experiência inovadora em vários níveis; Quando Morales ganha nas urnas (com 61%) o que a direita reaccionária tinha tentado derrubar com violência nas ruas, percebe-se que o povo aprovou e quer verdadeiramente a mudança.
Em Janeiro os povos indígenas puderam celebrar, os seus direitos foram reconhecidos ao fim de anos de massacres físicos e culturais. Os indígenas (80% da população da Bolívia) puderam passar a dispor de uma quota obrigatória em todos os níveis de eleição, a ter propriedade exclusiva dos recursos florestais e direitos sobre a terra e os recursos hídricos. A partir de Janeiro foi limitada a terra dos grandes latifundiários (entre 10 mil e 5 mil) – acaba-se de vez com os abusos dos regimes monopolistas da terra controlados pelos grandes latifundiários instituídos numa espécie de capitalismo rural “aceitável” (supostamente visando a socialização dos benefícios) excluído o grosso que trabalha a terra – os povos (esses sim em luta pelo bem comum). A nível económico foi exigido às empresas estrangeiras que reinvistam os seus lucros na Bolívia; Uma questão de justiça simples – “tudo o que ganhas connosco e à nossa custa tens de investir na nossa terra e em nosso benefício.” A Igreja contestou o facto de se colocar todas as religiões em pé de igualdade, retirando ao catolicismo o lugar da "religião oficial do Estado".
De facto, o Sim venceu na Bolívia, e isso foi sem dúvida um grande avanço para a mudança do país. O triunfo do “Movimento ao Socialismo” nestas eleições, foi a confirmação desse projecto social de mudança democrática e revolucionária. Evo Morales ganhou as eleições na Bolívia com 61% dos votos. No seu discurso em La Paz, disse que a vitória nas eleições constituía uma obrigação para acelerar o processo de mudança que se vem construindo desde há quatro anos. O MAS alcançou a maioria nas duas câmaras da Assembleia Legislativa Plurinacional, e dois terços do Senado.
"Louvado seja aquele que correndo por entre os escombros da guerra, da política e das desgraças públicas, preserva sua honra intacta."… Velho Bolivar! A afirmação do socialismo na Bolívia é feita de cara levantada e de honra intacta, sem truques ou malabarismos eleitorais. E isso incomoda! A direita Boliviana faz o seu velho jogo de sombras, de ilusionismo factual, capta apoios dos estados capitalistas e encena factos de violência nas ruas como meio de justificar a derrota. Mas de que lado fica agora Obama? Será que Obama vai promover um novo espírito de diálogo com a América Latina – afinal ele é o Nobel da paz…? Ou vai persistir no erro histórico de desprezo e tentativa de boicote dos governos sul-americanos? …
O triunfo na Bolívia é um triunfo que me faz acreditar que existe uma segunda via para o socialismo… A aplicação do socialismo não se resume meramente a autoritarismo repressivo, anti-democrático e a brutalidade assassina… O socialismo pode ser libertário nos nossos dias, quando implementado de forma democrática, livre e com o apoio da população. O triunfo Bolíviano faz-me acreditar que essa segunda via é possível e que vale a pena lutar por ela. Por um socialismo com valores marxistas: liberdade, justiça, democracia!
Uma salva de palmas a Evo Morales por ter essa ousadia: a de construir uma excelente experiência de socialismo moderno, actual e democrático.
Cá estaremos, Bolívia, para ter ver crescer…
Artigo publicado em: http://www.acomuna.net/content/view/306/1/
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
O Governo Jango (1961-1964) – O Brasil em ebulição social
Em 1961, João Goulart toma posse como Presidente da República Brasileira na sequência da renuncia de Jânio Quadros, após um curto governo de 7 meses. Com a oposição política das lideranças conservadoras e militares, João Goulart – O Jango, contava com o apoio do PTB, partido com forte influência no mundo sindical, e ainda do PCB e PSB. Para além destes dois partidos assinalam-se o apoio e a influência de um movimento social robusto, com fortes raízes populares e em ascensão organizativa1. De certo modo, o Governo de Jango ganhou contornos de Frente Popular, prontamente atacado pela ala militar conservadora, levando o congresso nacional a impor um sistema parlamentar, sendo Tancredo Neves empossado primeiro-ministro. Já em 1963, através de um plebiscito o sistema é rejeitado e retorna-se ao presidencialismo.
As greves e movimento operário
Entre 1961 e 1964 as greves urbanas dos serviços e da indústria multiplicam-se em vários sectores, conseguindo ensaiar movimentos conjuntos com forte impacto, como a greve dos 700 mil em 1963. Tendo várias lideranças sindicais, como as do Estado de São Paulo, ligações ao Governo Jango estas greves ganharam contornos políticos determinantes no desfecho político da vitória da reação política e militar e no estabelecimento de um apertado cerco a toda a actividade sindical2.
A Frente de Mobilização Popular
Criada em 1962 sob a liderança do então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, actuou como grupo de pressão, exigindo que o presidente João Goulart programasse as reformas de base (agrária, urbana, tributária, bancária e constitucional). A Frente contou com a adesão de organizações sindicais, femininas, camponesas e de alguns integrantes do Congresso Nacional e do Partido Comunista Brasileiro (PCB). A FMP lançou vários manifestos, dentre eles o de apoio à rebelião dos sargentos em Brasília de setembro de 1963, e o de apoio ao nome de Leonel Brizola para ministro da Fazenda. A UNE – União Nacional de Estudantes ganha neste período um forte ascenso de mobilização, constituindo um movimento que irá subsistir para lá do golpe militar de 1964.
Ligas Camponesas
1-BANDEIRA, Moniz, (1978), O Governo João Goulart: As lutas sociais no Brasil (1961 – 1964). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
2-NEGRO, Antonio Luigi; SILVA, Fernando. «Trabalhadores, sindicatos e política (1945-1964).» In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. (org.). O Brasil republicano. O tempo da experiência democrática: Da democratização de 1945 ao golpe civil-militar de 1964. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, v. 3, p.155-194.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
A reunião que radicalizou a ditadura brasileira
Passados mais de 40 anos sobre o AI-5, acto institucional que mergulhou a ditadura brasileira no seu período mais repressivo e sanguinário, o jornal "Folha de São Paulo" lança um interessante site interactivo onde se podem ler e ouvir os registos da reunião que aprova o acto.
Aproveitando o mote, lançamos aqui um especial "Ditadura Militar Brasileira" de modo a revermos os principais acontecimentos e actores desta fase histórica recente e ainda tão marcante.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Um dos melhores livros deste grande senhor da literatura Mundial... Uma analogia muito bem conseguida, um enredo fenomenal … E se a vida animal de repente desaparecesse da Terra, excepto num pequeno recanto do mundo e em doses mínimas?
Enquanto uns países combatem a homofobia, outros agravam-na
O Uganda, que já tinha uma lei que podia condenar pessoas que tenham tido, nem que seja uma vez, algum comportamento homossexual, a 14 anos de prisão prepara-se para aprovar uma lei bem pior:
- caso se verifique "homossexualidade agravada" (se alguém quiser explicar o que isto significa, agradeço porque também não sei), @ réu pode ser condenado a prisão perpétua/pena de morte;
- ugandeses homossexuais que vivam fora do Uganda, deverão voltar para poderem ser julgados;
- tod@s que saibam da existência de comportamentos homossexuais e não os denunciem levarão uma pena de prisão preventiva de, no mínimo, 3 anos;
- quem ajude homossexuais, com emprego, aluguer de uma casa, etc, terá uma estadia na prisão, de pelo menos, 7 anos.
O Uganda cortará relações internacionais para que a lei possa ser aprovada.
Isto significa que, para além de descriminarem os homossexuais, obrigam, segundo a lei, a que tod@s o façam.
É nojento, é irracional isto.
Quando é que as pessoas percebem que a liberdade para amar não interfere com mais ninguém? Que um casal, seja ele hetero ou homossexual, não interfere com a vida de ninguém senão daquelas duas pessoas?
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Estou insatisfeito. Não está toda a gente?
É maçador ver páginas de jornais cheias de política vazia e mentirosa. Dá vontade de ir para a praia, de preferência se estiver a chover torrencialmente. Ouço agora Caetano Veloso a repetir palavras de Teresa Vilaverde que dizem que a poesia, a música, são essenciais, mas que as pessoas podiam deixar de escrever romances e ensaios – que não fariam falta. Giro era que este jornal, por exemplo, se banhasse de poemas que apertem com o íntimo, que dêem aquele nó na garganta, que provoquem aquelas ganas de correr até ao grande amor só para um abraço que nunca é suficiente!
Ao invés de se entreter a gente a contar dinheiro, devia a gente entreter-se a abrir caminho para uma Terra de maior confiança, de partilha e de cumplicidades.
Descanse quem me ler, não ingressei em nenhum culto nem pretendo profetizar aqui. Até porque seria, provavelmente, mais maçador que ler eternas tricas entre PS e PSD, seria ler partes de um diário emocional repleto de falsas amarguras. Apenas me farto da superficialidade das discussões que se fazem por cá. Como aquelas pessoas que caracterizam outras “tu és não-sei-quê... és demasiado sei-lá-quantos...” – as pessoas sabem o que são, sabem quem são e o que fazem, sem precisar de uma sombra que lhes explique cada passo da sua vida.
Um(a) representante deve ser – normalmente é – o espelho dos/as representados/as e é aqui que qualquer coisa não bate certa. Será JB que espelha esta gente ou é a gente que espelha a figura do representante escolhido? Parece-me que caminhamos para um grave desvirtuar da democracia e da república que começa na fraca limitação de mandatos. Neste momento a Nazaré é a Casinha de Bonecas de JB e de um grupo restrito de negociantes. É pôr e dispôr sem sequer pedir à mamã um paninho para limpar o pó. Começa na criação de 1 posto de emprego e segue pela destruição da paisagem afora.
Tenho de vincar esta ideia: a única vida que há depois desta é a que cá se deixar. É, por isso, importante que exista um movimento de balanço perpétuo, que ajude a entender que cada qual é sentimentos e sensações, muito mais que factos e razões. Valorizar isso – as cicatrizes que se carregam e as que se deixam vincadas bem fundo. Assim a gente apercebe-se que deve acabar com as futilidades e organizar um mundo melhor e mais justo para quem há-de vir (não como num pronto-a-vestir, mas num contexto de racionalidade emocional que permita compreender que se está muito mais próximo de toda a gente que de gente nenhuma).
Para se dar a volta pode começar-se pela cabeça e desaguar na acção. Há que defender o que há de melhor e de mais natural na Nazaré. Essa deve ser a prioridade que salta para dentro das casas e para a rua. Podem fazer-se más escolhas políticas, mas depois tem de se compensar na vigilância reforçada a essas políticas que pouco a pouco vão destruindo patrimónios.
2.
Na última Assembleia Municipal fizeram-se escolhas interessantes. Na eleição de 5 membros para a Assembleia Intermunicipal do Oeste, após “negociação de lugares”, PS e PCP decidiram integrar uma lista com PSD, da qual o BE se demarcou propondo, em alternativa, uma lista conjunta da suposta esquerda.
Houve a definição do salário de Afonso Ova e foram também definidas taxas (IMI e IRS).
3.
A Passagem de Ano está à porta e o cartaz não é um programa como seria desejável, é uma fotografia sem programa. O factor surpresa não é atractivo, qualquer organização de eventos sabe disso. Queremos que a noite seja repleta mas não queremos a confusão do ano passado? Já vamos tarde. Só com escolhas musicais se condiciona a vinda de certas faixas etárias.
Publicado hoje em Região de Cister.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
A Birmânia no jogo energético
A oligarquia é adversa à democracia embora nem sempre a democracia seja adversa à oligarquia... Isto porque nunca houve oligarquias democráticas, mas já houve (e continuam a haver) democracias oligárquicas. Assim a Birmânia foi crescendo e se formando naquilo que hoje é...
Passando de uma democracia independente na metade do século (1948), foi modelada por uma apropriação oligárquica do sistema, que colidiu com o golpe de estado do general Ne Win em 1962. Isto porque a democracia em sentido puro é incorruptível e quando a democracia se deixa minar ao ponto de ser derrubada ou é porque é uma democracia corrupta ou porque se começou a transformar numa democracia oligárquica. Foi assim que, em nome de um qualquer “socialismo birmanês” foi nacionalizada toda a economia, mas para as mãos de quem? Do povo? Dos trabalhadores? De quem nada mais tem que a sua força de trabalho? Não (...) seguindo os lobbies oligárquicos que lhe deram origem a economia birmanesa ficou, após o golpe de estado, nas mãos da casta militar: o país foi isolado (até se acabaram com os passaportes...); foi lançada uma brutal ofensiva xenófoba que expulsou do país Indianos e Paquistaneses principalmente; intensificou-se a caça às minorias étnicas; contudo após várias revoltas a ditadura de Ne Win afundou-se com os tumultos de 1988, após o massacre de 3 mil pessoas. De certo modo restabeleceu-se a esperança... A junta militar que sucedeu fez eleições em 1990 e a Liga Nacional para a Democracia de Suu Kyi obteve quatro quintos dos votos. Ironia das ironias, na selvajaria “oligárquico-democratica” birmanesa as eleições foram anuladas. Suu Kyi foi presa e restabelecida a ditadura, esta sob o comando de Than Shwe que blindando o regime Birmanês continua nos dias hoje a praticar verdadeiras chacinas que passam ao lado (mais uma vez...) das grandes potências. Na verdade, por vezes é questionável para que se celebrou uma declaração Universal (para todos) dos direitos do Homem quando esta é brutalmente desrespeitada por quase todos, principalmente as grandes potências – EUA, UE, Rússia, China, etc -, foi provavelmente para cumprir formalismos...
Assim como não percebo como é que se tolera que a ONU seja um instrumento político dos grandes do Mundo, que quando têm interesses económicos a impedem de actuar. Exemplo disso é a recente prisão de Suu Kyi que além de ser um brutal ataque à liberdade da mesma e um incompreensível e condenável ataque dos generais Birmaneses, evidência uma total hipocrisia política e moral de países como os Estados Unidos, a Rússia e a China (com a obvia colaboração da UE). Na verdade Pequim e Moscovo são os principais responsáveis pois foram estes que vetaram as sanções ao país. Mas não pensemos que os outros são inocentes...
Lê mais!
Porque é que Clinton e Obama não estabeleceram a Birmânia como uma prioridade na Ásia? Se virmos bem, dos países asiáticos só as Filipinas e a Indonésia é que não optaram pela “não ingerência” sobre esta questão, sendo que a China protagonizou o discurso mais ofensivo que aliás vai de encontro à ditadura horrorosa que por lá mora: “A comunidade internacional deve respeitar totalmente a soberania da justiça Birmanesa”, frase simples mas que diz tudo de um país que acha que quando há violações brutais de direitos humanos num país isso deve passar impune, porque se deve respeitar a soberania dos países. Só se deve respeitar a soberania dos países quando estes aplicam três valores base de qualquer sociedade: a democracia, a liberdade e o respeito pelo homem.
Já do Ocidente existem diferenças discretas entre quem quer sanções pesadas e os que não querem (mas dizem condenar por razões morais). Mas importa perceber o que está por detrás da questão, porque é que China, Rússia, Tailândia, Índia, Singapura (etc.), se colocam nesta posição? A questão energética é a questão central porque ninguém condena a Birmânia e os seus ataques à liberdade e à democracia. E sobre a questão energética existem pontos-chave: todos estes países utilizam portos birmaneses; foram encontradas novas jazidas de petróleo e gás; está a ser construído um oleoduto e um gasoduto entre a Birmânia e a China de 2800 quilómetros; a Tailândia é o primeiro cliente de gás da Birmânia; a Índia não quer dar à China o monopólio energético sobre a vizinha Birmânia (daí ter mudado radicalmente a sua posição em relação a Suu Kyi); a Rússia ir vender centrais nucleares à Birmânia... Enfim, neste tabuleiro político em que os interesses energéticos e económicos se sobrepõe ao respeito pela liberdade, pelo homem, pela democracia, estão sentados todos os países que nos vendem discursos pacifistas e democráticos...
Os mesmos que não vacilam vetar sanções na ONU – Birmânia -, os meus que não vacilam vetar na ONU intervenções em catástrofes humanitárias – Darfur -, os mesmos que se orgulham de participar na guerra do petróleo – Iraque / Afeganistão -, os mesmos que se regozijam na presença de xenófobos neo-fascistas – Itália -, enfim, os mesmos que apoiados pelo silêncio e pela cumplicidade dos outros são os verdadeiros criminosos do Mundo, que se vendem tudo e todos, em troca de petróleo, de dinheiro e de poder!
domingo, 29 de novembro de 2009
Desligar-se da "grelha"
Um exemplo inspirador que revela a possibilidade de nos desligarmos da "grelha" capitalista e criar pequenas bolsas de resistência locais.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
PSOL e o futuro da esquerda Brasileira
Está quente o ambiente na esquerda Brasileira. Com a recusa de Heloísa Helena para assumir uma candidatura às presidenciais brasileiras do próximo ano (tudo indica que prefere se candidatar ao Senado) abriu-se uma crise que parece por em xeque a reedição de uma frente de esquerda, ampla e unitária, como a que se assistiu em 2006, com PSOL, PSTU, PCB e vários movimentos sociais. Mas a turbulência no PSOL, o movimento chave deste processo, estende-se para lá desta recusa.
Não tendo definido uma estratégia clara para as presidenciais no seu último congresso, assiste agora ao apoio declarado de uma boa porção da sua direcção política à candidatura de Marina Silva, figura do ambientalismo brasileiro e ex-Ministra do Ambiente do actual Governo Lula que rumou ao Partido Verde (PV), inclusive com declarações públicas muito elogiosas por parte de Heloísa Helena. Este processo despoletou um crise interna no partido, com várias das suas correntes a manifestar o seu desacordo perante este possível apoio à figura de Marina Silva e o projecto político constituído pelo PV, partido que no passado chegou mesmo a integrar o governo de Fernando Henrique Cardoso e que tem como actual presidente Zequinha Sarney, filho de José Sarney, Ex-Presidente da República e figura política de proa das grandes oligarquias do nordeste do brasil.Marina Silva, que reunirá, é certo, algum apoio de alguns descontentes da candidatura Petista de Dilma Rousseff para além de alguns intelectuais, artistas e parte do movimento ambientalista (para não falar dos elogios de Al Gore) parece estar longe de gerar consensos na esquerda brasileira, tendo mesmo o PSTU já avançado com a pré-candidatura de José Maria.
O PSOL aparece da confluência de várias correntes que surgem da crise do PT como projecto de luta e agregação socialista, tem ainda uma frágil consistência interna e uma direcção bastante dividida, mas reúne em si um filão essencial de toda a esquerda brasileira política e social, sem a qual uma alternativa de esquerda e de combate socialista ficará condenada ao fracasso. A pré-candidatura interna de Plínio Arruda Sampaio, histórico militante da esquerda brasileira, aparece assim como uma alternativa que poderá ser definidora nos próximos tempos, veremos.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
há uma semana atrás o movimento estudantil pode ter ressurgido em Portugal, mas... lá fora... lá fora...
domingo, 22 de novembro de 2009
Querem despejar o Centro de Cultura Libertária
O CCL é um ateneu cultural anarquista fundado em 1974 por velhos militantes libertários que resistiram à ditadura, ocupando desde então o espaço arrendado no número 121 da Rua Cândido dos Reis, em Cacilhas. Tem sido um espaço fundamental para o anarquismo em Portugal acolhendo sucessivas gerações de libertários. O Centro possui uma biblioteca e um arquivo únicos em Portugal, com material anarquista editado ao longo dos últimos cem anos, assim como uma distribuidora de cultura libertária. Durante a sua existência, o Centro acolheu várias actividades, tais como debates, passagens de vídeo ou diversos ateliers. Diferentes publicações aqui se editaram, como a Voz Anarquista nos anos 70, a Antítese nos anos 80, o Boletim de Informações Anarquista nos anos 90 e o Húmus, mais recentemente.
Em Janeiro de 2009, foi instaurada por parte do proprietário do edifício uma acção de despejo contra o Centro. Esta acção foi contestada por vias legais, o que deu lugar a um julgamento que decorreu entre Setembro e Outubro. No dia 2 de Novembro, foi emitida a sentença que resultou na resolução do contrato de arrendamento, tendo sido dados 20 dias ao Centro para abandonar as suas instalações.
O Centro vai recorrer desta decisão. Nesta nova fase é preciso suportar custos que dizem respeito ao recurso e aos honorários do advogado. Até à data ainda não sabemos exactamente a quantia necessária mas, pelo que averiguámos, será necessário reunir umas largas centenas de euros.
O contexto que deu origem a este caso não diz respeito apenas ao Centro de Cultura Libertária, mas a todos aqueles que se vêm a braços com a falta de escrúpulos dos senhorios e restantes especuladores imobiliários. É importante relembrar que, ainda que este processo tenha sido iniciado sob alegações do ruído excessivo produzido pelos frequentadores do Centro, estão em causa outros interesses, nomeadamente o do senhorio em rentabilizar o espaço, alugando-o por um preço bastante mais elevado do que o praticado agora.
O desaparecimento deste Centro significaria a perda de um importante espaço de reflexão, debate, luta e resistência.
À semelhança dos/as companheiros/as que lutaram para que este espaço existisse, resistiremos uma vez mais, e NÃO perderemos o CCL nem às mãos dos tribunais, nem da especulação imobiliária nem por nada.
Continuaremos a lutar para que este espaço continue!
Toda a solidariedade e apoio que possam dar força à resistência do CCL é da máxima importância e urgência.
Saúde e Anarquia!!!
Centro de Cultura Libertária
07.11.09
Contactos:
E-mail: ateneu2000@yahoo.com
Correio:
Apartado 40
2800-801 Almada – Portugal
Blog: http://culturalibertaria.blogspot.com
sábado, 21 de novembro de 2009
Nem anjos, nem predadores
Porfírio Silva aplica o termo "metafísico" numa multitude de situações, conferindo-lhe uma estranha mobilidade semântica.
Parece não conseguir distinguir entre a natureza humana, essencial, e a pluralidade das suas manifestações, que da sua essência derivam. A natureza humana é um factor necessário, ao passo que as suas manifestações são contingentes e altamente condicionais: a natureza humana é, em última análise, dialéctica. É portanto inútil falar de seres humanos essencialmente predatórios ou sumamente bons.
A Metafísica lida com as questões da identidade e da categorização. É compreensível que se entidade X apresenta características tais que Y e Z, sendo que ambas são consistentes com A, X é A. Se eu defender defender a posse colectiva dos meios de produção e a igualdade de acesso aos recursos, eu sou, necessariamente, Socialista. Assim como todos os sujeitos que partilhem de Y e Z são necessariamente A.
Resta dizer, no que concerne à natureza humana, que estes possuem uma vasta gama de sentimentos morais, nos quais se encaixa a cooperação. A cooperação é um dos mais importantes factores de evolução, e um comportamento cuja base biológica é perfeitamente coerente com o interesse próprio e consistente com a perspectiva dialéctica da natureza humana. Nem anjos, nem predadores.
Continuar a ler...
Pedagogia para a Responsabilidade Social e Racionalidade Limitada
Retirando a camada não-essencial da questão (o problema das Taxas Moderadoras no acesso à saúde), é imperativo abordar as afirmações que subjazem o argumento. Não é necessário que todos os seres humanos sejam 'racionalistas extremos', computando todas as contingências das suas acções através da razão pura, para que exista um esforço pedagógico no uso sábio da provisão pública. Os seres humanos não são "máquinas de estímulos" simples, são máquinas complexas e altamente sensíveis às condições sociais. São agentes morais autónomos, que existem num estado de racionalidade limitada - a sua agência limita-se, frequentemente, pelo conhecimento de que dispõem.
Não se equipara aqui a virtude moral com o conhecimento, numa expressão de intelectualismo moral que é apanágio do pensamento platónico, mas o fomento activo de laços sociais que permitam inibir o aparecimento de características 'predatórias' no agente moral.
Sinais de Trânsito: Triagem de Manchester
Um dos grandes "sinais de trânsito" que existe a nível do acesso à Saúde no contexto da Urgência Hospitalar é o estabelecimento de um sistema de triagem, denominado Triagem de Manchester. O sistema estabelece prioridades de acesso consoante o grau de necessidade clínica do paciente. Se já existe um dispositivo que modera rigorosamente (com bases clínicas) o acesso à saúde, as taxas "moderadoras" servem apenas o objectivo de financiar.
Acresce que as taxas são péssimos sinais porque sendo iguais para todos, não pesam de igual forma em todos. A sensibilidade à ideia de necessidade ou escassez consoante a carteira de cada um apenas sinaliza ao utente que a saúde é uma mercadoria pela qual ele tem que pagar. Não é a exclusão pelo preço que induz os comportamentos de responsabilidade que procuramos despertar, pelo contrário, podemos ignorá-los se pagarmos, como aqui se refere.
Serei metafísico ao ponto de extrapolar da minha experiência individual a proposição de que ninguém gosta de se dirigir a uma urgência hospitalar com leves sintomas de síndrome gripal, receber uma pulseira azul (não prioritário) e aguardar seis a oito horas numa sala de espera. Arrisco que esta proposição pode, quase, adquirir força dedutiva. Mas sob o risco de ser considerado 'metafísico', deixarei a questão no reino da indução, salientando que a Triagem de Manchester é um óptimo "sinal de trânsito" no que concerne ao acesso à saúde de quem realmente necessita dela.
VOZES DO MUNDO :Carlos Marighella, 40 anos depois
A maior homenagem que esse revolucionário de ação poderia receber é uma avaliação acerca da atualidade de seu exemplo e contribuições frente aos desafios impostos à revolução socialista neste Brasil de início de século XXI. Inúmeras são as possibilidade de avançarmos nessa direção. Escolhi uma delas: a de buscar em Marighella correspondências entre o contexto e os desafios dos anos 1960 e os dos dias de hoje. O artigo é de Carlos Henrique Metidieri Menegozzo.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Antes da dívida temos direitos!
Muitos trabalhadores a falsos recibos verdes acumularam uma dívida à Segurança Social, apesar de não receberem quaisquer contrapartidas desta. É portanto uma falsa dívida que deve ser imputada à entidade patronal, tal como a falsa prestação de serviços deve dar origem a um contrato de trabalho.
A festa de lançamento da petição à Assembleia da República começa hoje às 21h30 no Interpress (Bairro Alto, R. Luz Soriano, 67A).
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
“Esta na Hora, esta na hora, esta na hora do Gago ir embora”
Actualmente, são mais de seis mil os alunos que sairão das Universidades endividados, deixando à vista a política de desresponsabilização do governo que avaliza estes empréstimos como forma de acção social. Aqueles que viram reduzidas ou negadas as suas bolsas conhecem bem o sabor amargo da espera e da aflição sentido nestas ultimas semanas, acabando por ser a desistência do ensino a única saída. As Universidades, sufocadas financeiramente, atingiram o máximo da sua capacidade de endividamento, começando já uma política de despedimentos e de encerramento de serviços e unidades (laboratórios, bibliotecas). O processo de Bolonha, possivelmente o maior fiasco da dita modernização do ensino superior, deixou à porta todas as suas promessas de mobilidade e formação, introduzindo uma torrente de problemas organizativos e pedagógicos, desqualificando os ciclos de ensino e atirando os alunos para o mercado de trabalho despreparados e sujeitos à uma, cada vez maior, precariedade laboral.
Todos estes problemas, à partida desencontrados e com especificidades próprias, têm no entanto um pólo comum, um motor que faz andar este projecto de ataque ao ensino publico e de qualidade, e identificá-lo, em claro e bom som, foi o principal sucesso da manifestação de dia 17, retomando uma das palavras mais ouvidas: “está na hora, está na hora, do Gago ir embora.” Mariano Gago, Ministro totalista dos últimos governos do PS na pasta, experiente que é em abafar as manifestações dos estudantes, não tardou a vir anunciar um “plano de confiança” para o Ensino Superior, prometendo aumentar aquilo que diminuiu durante quatro anos e claro, muito e abundante diálogo, não fosse esse o principal prato deste novo governo. A nós caberá dizer não a esta política do chicote e da cenoura, lutando por uma política clara e de defesa intransigente dos nossos direitos; por uma acção social justa, a tempo e horas, por um financiamento equilibrado das instituições e pela defesa democrática dos órgãos de governo das universidades e das suas decisões pedagógicas e orgânicas.
O resto já todos sabemos, alargar para radicalizar. Saber combater a lógica dos clientelismos e eleitoralismo das actuais Associações, reivindicando mais democracia e discussão, aproveitando, onde possível, para constituir listas de oposição. Uma nova manifestação impõe-se, maior e melhor organizada, o Orçamento de Estado poderá ser o mote, mas apenas se formos capaz de inverter a relação de forças nas nossas próprias faculdades e fazer da revolta um movimento de mudança.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Materialismo e Empiriocriticismo
Tendo como ponto de partida a crítica leniniana do empiriocriticismo, que defende a experiência pura como ponto de partida para uma análise puramente descritiva da realidade, e que converge para uma filosofia da percepção radicalmente empírica, e eminentemente idealista. Lenine escreve a sua crítica de modo a resgatar Marx das garras do idealismo, criticando o pensamento de Avenarius e Mach como inerentemente seguidores do idealismo subjectivo e solipsista de Berkeley.
Das questões técnicas analisadas por Lenine na sua obra, a discussão ramificou-se com uma esplêndida síntese de pensamento filosófico e científico. Se o debate tinha como objecto inerente a epistemologia, este rapidamente alastrou à metafísica e à "matéria" como categoria fundamental do Ser. Outro dos problemas filosóficos merecedores da crítica dos intervenientes foi a questão do determinismo, distinguindo-se os conceitos de 'causalidade' e 'determinismo', e analisando-se o determinismo fatalista, emergente da Física Clássica à luz dos novos paradigmas quânticos, e a sua importância para uma Epistemologia coerente e actual.
Marcha pelo Ensino Superior: 17 de Novembro (próxima 3ª-feira), em Lisboa... DIVULGA!!!
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Frase que devia figurar em todos os manuais de estatística!
"Quando o processo histórico se interrompe... quando a necessidade se associa ao horror e a liberdade ao tédio, a hora é boa para se abrir um bar."
W. H. Auden
De Berlim a Bil'in
Foi há 20 anos que o mundo mudou. Foi há 20 anos que milhares de pessoas com as suas próprias mãos pulverizaram o ódio e a segregação que aqueles 3,6 metros de betão em Berlim representavam. Foi há 20 anos que caiu o muro que dividia Berlim, a Alemanha, a Europa e o mundo.
Mas os muros ainda existem. Há cerca de 6 meses fui a Palestina e deparei-me com um muro de 8 metros de altura e com uma extensão prevista de 721 km, que dissecava várias cidades, aldeias, propriedades, campos e as suas populações. Fui visitar uma aldeia que vive e sobrevive os traumas impostos pela muralha, pela segregação e pela ocupação Israelita que são demasiadamente comuns na Cisjordânia. Bil’in (بلعين) é uma aldeia Palestiniana que fica a 12 km de Ramallah, na Cisjordânia, adjacente a muralha israelita e ao colonato de Modi’in Illit (מוֹדִיעִין עִלִּית). É uma aldeia rural, nua, depravada de várias infra-estruturas, onde o centro de actividade aldeã situa-se em redor da escola, da mesquita e do muro em si. Aqui as crianças andam descalças na rua, jogando a bola com trapos e estendem os papagaios ao vento, de forma a canalizar a frustração e humilhação diária que é imposta pela ocupação Israelita.
Em Bil’in o muro não é construído em betão, não tem 8 metros de altura e não tem o sistema de vigilância electrónica noutros sitios. Aqui, o muro é uma cerca de arame, com arame farpado, portões e um checkpoint Israelita. Aqui a fiscalidade do muro não conta, o que conta é o que o muro faz. Esta barreira separa a aldeia de Bil’in de cerca de 60% das suas terras, uma aldeia que é totalmente dependente da agricultura e dos seus frutos. O acesso as suas terras e as suas oliveiras tornam-se um feito impossível. Para tal, estão a mercê e a vontade dos soldados e dos tribunais Israelitas se o portão está aberto ou fechado, são eles que decidem quando querem, como queres e por que razão querem. Contudo, o acesso nunca lhes é permitido, sob o pretexto que é uma zona militar. “Estamos em Guerra” é a frase mais utilizada pelos soldados Israelitas para justificar o injustificável. Na sua essência, o acesso as suas terras é interdito. É interdito, como está em risco de expropriação visto que consoante a lei Israelita, terras que não sejam atendidas após 1 ano são automaticamente expropriadas. Ao mesmo tempo que são proibidos de ter acesso as suas terras, vêm crescimento e avanço do colonato de Modi’in Illit.
Mas tamanha humilhação e violência estrutural não tem passado despercebido. Desde 2005, a aldeia tem organizado manifestações pacificas semanais que inclui a presença de várias organizações internacionais tal como a International Solidarity Movement. Estes protestos tomam forma de uma marcha que inicia no centro da cidade e termina no na barreira, como forma de parar a construção do muro ou do desmantelamento de porções já construídas. Mas o verdadeiro objectivo deste protesto semanal é demonstrar as forças Israelitas e ao resto do mundo que a construção deste muro é inaceitável. É um acto de insubmissão. É a reclamação dos seus direitos. É a reclamação das suas vidas. É dizer “Já Basta”. É dar visibilidade aqueles que se tornaram invisíveis para o resto do mundo. É a revindicação e retaliação dos oprimidos sobre os opressores. É a demonstração de uma força que não sossega perante a injustiça. É a voz da tolerância que visa a destruição da intolerância.
É a mesma força que despoletou a revolta em Berlim no dia 9 de Novembro de 1989. Sabemos que em Berlim o muro caiu em 1989. Quando cairá na Palestina?
Segundo Kennedy, num mundo que se deseja livre, o grito mais orgulhoso que se poderia vocalizar era “Ich bin ein Berliner”. Hoje, esta frase caiu em desuso, já não tem o mesmo significado, está demodé. Creio que hoje, mais do que nunca devemos pronunciar: “Ich bin ein Bil’iner”. Para um mundo sem muros e aberto para tod@s.