quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O partido do desassossego


Quando um partido minoritário, como é o Bloco de Esquerda, ganha direito a tanta pancada política e a tantas intentonas de bastidores de campanha é porque ele importa e importa mesmo. Mais, quando um programa como o do Bloco desperta tal alarido no centrão, seja pela defesa de uma política fiscal clara que elimine a usura económica de uns em desfavor da maioria, seja pelo não regatear na defesa dos serviços públicos, que quer dar a todos o que é de todos, seja na defesa do emprego com direitos ou no apoio social para quem precisa, é porque esse programa, essa força, faz mexer, e vemos como tem mexido.

Ao centrar no Bloco o alvo dos seus ataques PS e PSD deixam a descoberto várias das suas farsas e vazios políticos e abrem espaço a várias questões, centro-me aqui em duas. A primeira diz respeito a escolhas governativas e, sobretudo, à constatação que nas questões essenciais, as que mexem o fundo à panela, PS e PSD pouco vezes divergem e muitas vezes dão as mãos, enamorados. Ora vejamos, na política de emprego é o próprio Bagão Felix, ex-ministro do trabalho da direita, a elogiar o código do PS de Vieira da Silva, pois este permitiu avançar na precariedade, na facilidade de despedimento e no enfraquecimento do contracto colectivo, sem falar na receita de M.F. Leite para relançar a economia, diminuir o custo do trabalho, a mesma defendida por Manuel Pinho. Na saúde é o próprio PSD a dizer que não mexe nas taxas moderadoras (tanto que o tema saúde nem figura no seu programa). Na questão essencial, a resposta à crise, a crise do sistema capitalista que se vive no desemprego (mais de 500 mil pessoas) o centrão encena discórdias, como no TGV que foi aprovado pelos ministros laranjas ou na segurança social que o PS alega ter salvo das garras da direita diminuindo as pensões. Agora na política que é preciso mexer, nas privatizações, no combate à corrupção, no investimento público, nos apoios sociais, na defesa da escola pública, nisso PS e PSD continuam, carinhosos, a sua história de amor.

A segunda questão é política. No PSD a máquina cavaquista provou estar perra, a demissão de Fernando Lima da acessória da presidência da república demonstra o caos político em que está mergulhado o partido, restando-lhe sacar, numa repetição da última semana de campanha de há quatro anos, um suposto acordo secreto entre Bloco e PS, o desespero político nem sempre desperta comiseração muito menos votos. Já o PS, segue a sua estratégia bipolar, por um lado uma liderança unipessoal que vendo o seu fim à vista se atira ao Bloco com voracidade, por outro as vozes que não tardaram a vir ditar possíveis caminhos, Ferro Rodrigues foi o primeiro, seguiu-se Ana Gomes e finalmente Mário Soares, todos acenando o Bloco como saída para o impasse governativo.

Tanto hoje como no dia 27 sejamos claros, quem nos meteu na crise não nos pode tirar dela, o Bloco defende uma política de esquerda combativa pois sabe que só apontando o dedo aos responsáveis se pode construir uma alternativa de governo, o PS não faz parte dessa alternativa porque escolheu combate-la, escolheu defender as políticas liberais que nos conduziram até aqui. Uma esquerda grande, que se constrói a partir de um programa de governo que desassossegue o centrão e que saiba ancorar as lutas sociais por uma saída socialista para a crise, é essa a saída e a escolha de mudança que deverá ter domingo um impulso importante e o voto no Bloco de Esquerda é, sem dúvida, o que melhor lhe pode dar forma e concretização.

2 comentários:

Pedro disse...

"Dá-me um shot eleitoral"
&
"Dar no duro"

os vídeos mais polémicos desta campanha estão disponíveis em

http://pedro-procura-ines.blogpsot.com

Francisco disse...

Porque ficámos a míseras décimas do CDS-PP, porque é a reacção e o PS Socrático que sai reforçado, porque foram essas políticas que foram reforçadas com o resultado das eleições, porque com pouco mais o resultado poderia ser bem diferente, pergunto...

Onde esteva a Jovem Guarda durante estas duas semanas? Onde estiveram em Lisboa e Setúbal? Onde estiveram qd face ao ataque sem precedentes mediático de q fomos alvo, mais importância tinha fazer a campanha no terreno?

Cantemos alto nossas Vitórias, pena é quem não tenha sido em Lisboa, se fosse, todos nós estaríamos agora bem mais felizes.

http://mundoemguerra.blogspot.com/2009/09/legislativas-2009-cantemos-alto-nossas.html

Ao menos que na luta contra o governo anti-popular e os reaccionários CDSs a JOVEM GUARDA saiba estar presente...