Um bidé no dia 3 de Março:

Tenho vinte e dois anos e nada feito!

Certa habilidade para andar a passo e dar passas, se cair-me, em estado feroz no chão, a mortalha, apanho-a de imediato.(faz-me falta!)

Sem categoria para especializar-me em matérias, mas da mesa retiro a consciência de certos restos no prato com velas acesas por cima.

Nunca és despropósito...(a consciência.)

A ti ética recuso chamar-te mar ou sol, ética sou eu e qualquer animação de vidaeMorte;

A ti canibal de cruz rezada que de sangue de outrem me comes, dou-te o sangue da menstrua permitida, digo-te: Bebe, homem de sorte!, que o meu dentro é mais que o dentro de um cálice-mor;

A ti violência que ultrapassas a posse da carne e admites a defesa armada, odeio-te!, que tu abusas-me de engano, não há pessoa nativa, não pode querer-se presa;

A ti futebol que nas cabeças fazes clubes de fim de semana (fora a semana)...Ai!, cheiro de branca, minha alternativa;

Evito ver-vos cus e mamas nas páginas de centro do jornal, abeirando rodas e tubos de escape;

Não te quero puta, Mulher, que o teu pipi tem nome e corpo, que o teu corpo tem nome, pipi, ocupa espaço e suspira, não posso abrir-te a roupa com a mão aberta de vontade de sexo, só por estares na montra, na rua de cor de tráfico;

Mulheres, Homens, Crianças, como colchões de buracos para eu brincar como quiser e a tempo inteiro;

Não te quero pobreza cheia de misericórdia, matava-te se pudesse;

E dizes-me Democracia que amanhã tudo pode acontecer, que amanhã tudo deve acontecer, mas fui educada por ti com a clareza de que eu não posso mudar o mundo;

Quero-te já e começo a habituar-me às unhas amarelas da abstracção;

Pergunto-te Democracia: O que achas do regresso ao útero?
A Democracia não responde, mas pergunta-me se estou servida;
Eu respondo: Não estou servida e quero que me sirvas.