Decorreu ontem, entre as 18 e as 20, um animadíssimo debate em torno de questões filosóficas basilares, cujo mote foi dado pela obra de Lenine, «Materialismo e Empiriocriticismo». O debate foi moderado por José Barata Moura, e contou com as excelentes intervenções de José Croca e Eduardo Chitas.
Tendo como ponto de partida a crítica leniniana do empiriocriticismo, que defende a experiência pura como ponto de partida para uma análise puramente descritiva da realidade, e que converge para uma filosofia da percepção radicalmente empírica, e eminentemente idealista. Lenine escreve a sua crítica de modo a resgatar Marx das garras do idealismo, criticando o pensamento de Avenarius e Mach como inerentemente seguidores do idealismo subjectivo e solipsista de Berkeley.
Das questões técnicas analisadas por Lenine na sua obra, a discussão ramificou-se com uma esplêndida síntese de pensamento filosófico e científico. Se o debate tinha como objecto inerente a epistemologia, este rapidamente alastrou à metafísica e à "matéria" como categoria fundamental do Ser. Outro dos problemas filosóficos merecedores da crítica dos intervenientes foi a questão do determinismo, distinguindo-se os conceitos de 'causalidade' e 'determinismo', e analisando-se o determinismo fatalista, emergente da Física Clássica à luz dos novos paradigmas quânticos, e a sua importância para uma Epistemologia coerente e actual.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
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5 comentários:
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Não sei quem é que te deu autorização para explorares a minha ignorância.
Suspeito que não fui o único aos papeis e a prestar-se ao digníssimo papel de mobília, naquela sala onde entrei a pensar que sabia alguma coisa...
Aquele abraço
A minha posição não é muito melhor. Apesar de dominar a rede conceptual e a terminologia, são questões que continuam a causar perplexidade (não é mau: está na base da atitude filosófica).
Apesar de a minha ignorância ser mais douta (é o mínimo que mereço, após passar alguns anos a medir argumentos, mesmo antes de os compreender na sua plenitude...), de pouco mais me serviu. E tal como já dizia o filósofo da mente, John Searle: "Se não o conseguires dizer claramente, então não o compreendes".
E explicar o que compreendi, naquela sala, é uma tarefa homérica, e muito para lá das minhas capacidades pedagógicas. Se o que sei apenas me serve para argumentar plenamente com quem já possui o domínio sobre a rede conceptual, então devo aqui professar o falhanço da minha missão pedagógica.
E é através disto que começo a dar muito valor aos heróis que tentam trocar a filosofia por miúdos em livros de introdução, que tentam que a filosofia desça às ruas.
Abraço!
Não me parece que devas votar a explicação dos conceitos à impossibilidade prática. Pelo menos farias um melhor trabalho do que os nossos manuais do secundário.
Deixo-te o desafio de explicar, com exemplos práticos, todos os conceitos de que falámos: materialismo vs idealismo; determinismo dialéctico vs determinismo mecanicista; fatalismo; compatibilismo; causalismo; realismo and so forth.. Se calhar analisá-los por oposição facilite a tarefa, e já agora aproveitavas o balanço para situar os autores nas respectivas etiquetas :P
Abraço
Não existem exemplos práticos para explicar coisas como o idealismo. Existirão, porventura, algumas 'experiências pensadas'que poderão fazer incidir alguma luz sobre os conceitos.
É um desafio complicado, o que me propões, mas que não posso recusar. Aceitá-lo-ei, assim que tiver o tempo (e a paciência) necessária para explicar vários conceitos sem a segurança de uma rede terminológica e conceptual que é familiar a quem palminha os caminhos da filosofia.
Abraço
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