Está quente o ambiente na esquerda Brasileira. Com a recusa de Heloísa Helena para assumir uma candidatura às presidenciais brasileiras do próximo ano (tudo indica que prefere se candidatar ao Senado) abriu-se uma crise que parece por em xeque a reedição de uma frente de esquerda, ampla e unitária, como a que se assistiu em 2006, com PSOL, PSTU, PCB e vários movimentos sociais. Mas a turbulência no PSOL, o movimento chave deste processo, estende-se para lá desta recusa.
Não tendo definido uma estratégia clara para as presidenciais no seu último congresso, assiste agora ao apoio declarado de uma boa porção da sua direcção política à candidatura de Marina Silva, figura do ambientalismo brasileiro e ex-Ministra do Ambiente do actual Governo Lula que rumou ao Partido Verde (PV), inclusive com declarações públicas muito elogiosas por parte de Heloísa Helena. Este processo despoletou um crise interna no partido, com várias das suas correntes a manifestar o seu desacordo perante este possível apoio à figura de Marina Silva e o projecto político constituído pelo PV, partido que no passado chegou mesmo a integrar o governo de Fernando Henrique Cardoso e que tem como actual presidente Zequinha Sarney, filho de José Sarney, Ex-Presidente da República e figura política de proa das grandes oligarquias do nordeste do brasil.Marina Silva, que reunirá, é certo, algum apoio de alguns descontentes da candidatura Petista de Dilma Rousseff para além de alguns intelectuais, artistas e parte do movimento ambientalista (para não falar dos elogios de Al Gore) parece estar longe de gerar consensos na esquerda brasileira, tendo mesmo o PSTU já avançado com a pré-candidatura de José Maria.
O PSOL aparece da confluência de várias correntes que surgem da crise do PT como projecto de luta e agregação socialista, tem ainda uma frágil consistência interna e uma direcção bastante dividida, mas reúne em si um filão essencial de toda a esquerda brasileira política e social, sem a qual uma alternativa de esquerda e de combate socialista ficará condenada ao fracasso. A pré-candidatura interna de Plínio Arruda Sampaio, histórico militante da esquerda brasileira, aparece assim como uma alternativa que poderá ser definidora nos próximos tempos, veremos.
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