Os alunos esses bonequinhos amestrados pelo ministério da educação e pelos órgãos de gestão das escolas são completamente desrespeitados em termos de intervenção política e crítica directa nessas mesmas escolas. A escola enquanto meio de cidadania, de intervenção, de escolha, de crítica, de pensamento e sobretudo de aprendizagem é visto pelos alunos acima de tudo como um fardo que temos de enfrentar por imposição moral dos nossos pais e do sistema (passa-se o mesmo com a catequese, mas sobre isso escreverei numa próxima oportunidade) …
Aquilo que Abril me ensinou foi diferente… Muito diferente.
Os valores de esquerda que respeito, porque luto e com os quais quero guiar a minha vida ensinaram-me que não nos podemos conformar perante esta injustiça social que nos impingem dia a dia e que passa por baixo do nosso nariz diariamente – Estuda e Cala! É esta imposição de consciências que desrespeita o espírito crítico dos alunos que formatou e “standardizou ” o sistema educativo em Portugal ao longo dos anos. Os sucessivos governos, a única coisa que fizeram foi discutir os problemas educativos com professores, com sindicatos e funcionários … ao mesmo tempo os concelhos educativos o que fazem é precisamente a mesma coisa discutir os problemas, objectivos e a gestão escolar com professores, sindicatos e com funcionários mas afinal de contas onde ficam os alunos nesta história toda? É esta imposição de medidas e a não discussão de certos problemas com os alunos que faz com que os alunos se desmarquem das políticas educativas (essências a uma formação consciente) e que faz com estes face à política assumam uma atitude de completo de desprezo.
E até posso colocar alguns exemplos concretos: desde os exames nacionais às aulas de substituição… Desde as turmas sobrelotadas à não adaptabilidade dos professores aos alunos com necessidades especiais… Desde o novo estatuto do aluno ao ensino obrigatório… Desde o novo modelo de gestão da escola aos manuais inadaptados à matéria curricular… Tudo isso são coisas que afectam directamente os alunos e que na minha opinião mereciam também que os alunos tivessem alguma voz… O que acontece é que o sistema educativo só se preocupa com uma parte da comunidade escolar. Os alunos representados democraticamente pelas AE´s tem o direito a uma opinião, é o mínimo que se pode fazer em nome da Democracia na escola. A educação é uma necessidade, mas é também um direito, um direito de Abril…
O que eu peço é sensato (fizemo-lo, no Bloco, em relação à educação sexual e os resultados estão à vista de todos)... e não poderia definir melhor a minha opinião se não parafraseando uma frase de uma perspicácia enorme de um grande camarada meu, José Soeiro: “Democratização da política é nos dizermos às pessoas que têm que ter uma opinião sobre aquilo que as afecta, é nos termos uma palavra a dizer (...) é por isso que nós falamos na educação para a cidadania, educar os jovens para a democracia, para quando eles forem grandes participarem… Não! a educação tem que ser feita na cidadania, não é educação para a democracia mas educação na cidadania. As escolas têm que ser já em si um espaço de cidadania, de participação."
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
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