Amílcar Cabral – O Sonho Humanista de um lutador inconformado
Amílcar Cabral foi um político, activista marxista e anti-colonizador de Cabo Verde e da Guiné. Nasceu na Guiné-Bissau em 1924, e foi morto dia 20 de Janeiro de 1973 em Conacri. Com 8 anos de idade o jovem Amílcar muda-se da Guiné para Cabo Verde onde estudou até 1943, conseguindo posteriormente uma bolsa de estudo para o Instituto Superior de Agronomia em Lisboa onde se licenciou.
Regressa à Guiné–Bissau em 1952 trabalhando para o Ministério do Ultramar no Recenseamento Agrícola de 1953. Foi também neste ano que a sua inspiração revolucionária se revela após no recenseamento de 1953 ter conhecido intrinsecamente toda a realidade social da Guiné. A sua completa antipatia pelo regime colonial opressor, desrespeitador e que rotulava os negros seres moralmente inferiores faz com que o governador Medo e Alvim o obrigue a emigrar para Angola. Neste país, Amílcar junta-se a Agostinho Neto e ao MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola).
Em 1959 Amílcar Cabral eleva o seu sonho Socialista e junta-se ao seu irmão e a mais três revolucionários formando o Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Um partido que acima de tudo pretendia liberdade, emancipação, respeito e total descolonização.
Em 23 de Janeiro de 1963 tem início a luta armada pela libertação da Guiné e Cabo Verde, luta esta a favor do socialismo, pelo fim do controlo Colonialista, Imperialista a favor do Humanismo, da identidade Africana, de um novo modelo Social. O PAIGC teve neste aspecto uma influência importantíssima, liderando centenas de guerrilheiros que se moviam por “grandes sentimentos de amor” de liberdade e de justiça.
O movimento liderado por Amílcar Cabral e pelo PAIGC começa a ter força e o seu sonho de se tornarem realidade. Isto leva a que o governador Português da Guiné–Bissau determine o inicio da operação Mar Verde com o objectivo de capturar Amílcar e os seus camaradas do PAIGC, a operação foi um fracasso.
Porem, a dimensão humanista de Amílcar fez com que as fronteiras do partido se abrissem a todo o tipo de pessoas. Foi esta ingenuidade natural de um revolucionário socialista e humanista que ditou a sua sentença. No dia 20 de Janeiro de 1973, Amílcar Cabral é assassinado em Conacri por dois membros do seu próprio partido. Amílcar Cabral, Sonhador Socialista, Revolucionário e Humanista profetiza a seguinte frase: “Se alguém me há-de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios”.
A sua utopia, a sua luta e o seu sonho prevaleceu comandando pelos seus eternos camaradas. No dia 24 de Setembro de 1973 o seu meio–irmão, é nomeado o primeiro presidente do país.
Amílcar Cabral – Ilha
ILHA Tu vives
mãe adormecida
Nua e esquecida
Seca
Fustigada pelos ventos
Ao som de músicas sem música
Das águas que nos prendem…
Ilha: Teus montes e teus vales
Não sentiram passar os tempos
E ficaram no mundo dos teus sonhos
Os sonhos dos teus filhos
A clamar aos ventos que passam
E às aves que voam, livres
As tuas ânsias!
Ilha: Colina sem fim de terra vermelha
Terra dura
Rochas escarpadas tapando os horizontes
Mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
Amílcar Cabral - Praia, Cabo Verde, 1945
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