domingo, 11 de janeiro de 2009

(mais uma) opinião de José Goulão no «Diplô»: "A guerra contra Gaza já estava na agenda"

Para entender o que está a passar-se actualmente em Gaza é necessária muito mais informação do que a proporcionada pela chusma de comentadores instantâneos que invadem as rádios e televisões e pelos enviados ou residentes que, não conseguindo entrar na faixa invadida, se conformam em ser veículos bisonhos, acomodados e passivos da realidade fabricada no Estado-Maior israelita. Ao menos podiam dar conta de episódios das importantes manifestações internas israelitas contra a guerra, mas parece que isso poderia parecer uma perigosa dissonância. É natural concluir-se que, tal como a agressão militar tem vindo a ser preparada há mais de seis meses, também a correspondente acção de propaganda foi montada durante o mesmo período.
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Shimon Peres, Benjamin Netanyahu, Ehud Barak, Ariel Sharon e Ehud Olmert, mais Bill Clinton e, sobretudo, George W. Bush foram inviabilizando paulatinamente as negociações israelo-palestinianas, assumissem as formas que assumissem, enquanto a Fatah (força dominante da OLP) e a Autoridade Palestiniana se foram enrodilhando na falta de alternativas estratégicas às negociações.

Essas foram assumidas pelo Hamas, que capitalizou gradualmente o descontentamento popular, mesmo de vastos sectores não religiosos ou religiosos não radicais, até se transformar na maior organização da Resistência e ganhar as eleições gerais palestinianas de 2006. O não reconhecimento do governo do Hamas pelos Estados Unidos, Israel e o mundo em geral – nem mesmo em aliança com a Fatah – poupou o movimento islâmico ao desgaste do exercício do poder e de ser forçado a actuar no terreno em vez de privilegiar a propaganda nas mesquitas e a mobilização paramilitar.

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Outro ponto do Plano Dagan era o desaparecimento de cena de Yasser Arafat (um velho objectivo de Sharon desde a invasão do Líbano em 1980) e a sua substituição por uma direcção da Autoridade Palestiniana mais colaborante com Israel. Um objectivo como este mantém acesa a tese do assassínio do histórico dirigente palestiniano. A balcanização dos territórios palestinianos, o lançamento de vagas de terror contra as populações e o bloqueio de Gaza são outros aspectos do plano. [...] Lendo o Plano Dagan não é de descartar que em alguma fase deste processo Israel abra uma «válvula de escape» em Gaza para que haja uma fuga em massa – limpeza étnica é a expressão correcta –, eventualmente para a Jordânia, atendendo ao comportamento actual do Egipto. Neste contexto é natural que venham à memória as conhecidas palavras de Ariel Sharon: «Não é necessário criar outro Estado palestiniano. A Jordânia é a Palestina».

mais um bastante interessante artigo de opinião de José Goulão [integralmente] na edição portuguesa do "site" do «Monde Diplô»...
adenda: partindo então do tal plano Dagan, acho que se deve interligar as (não)prioridades-obamianas [de que o João Curvêlo aqui nos fala] com o facto do governo sionista estar a actuar militarmente desta forma na Faixa de Gaza aproveitando o términus da administração do W. (queimando etapas antes da entrada em funções de Obama na Casa Branca) [como nos é referido no texto de Phyllis Bennis]. apesar de todos os apesares, julgo que Obama será algo menos "amigo" das pretensões sionistas do estado de Israel do que actualmente é W. Bush (mesmo sabendo da presença de Biden como futuro VP)... espero que doravante ninguém me acuse de eu ser obamista, coisa que nunca fui (nem tive grandes esperanças ou ilusões com ele)! :P

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