sábado, 3 de janeiro de 2009

Vamos a contas?

Estive a dedicar-me por uns segundos a umas contas simplistas. Estando já quase a acabar de ler o "Fim da Pobreza" de Jeffrey Sachs, eis que dei por mim a perceber quanto seria necessário para acabar com a Pobreza Extrema no mundo. Vamos a isso?

Ora bem, segundo estimativas do Banco Mundial, 1100 milhões de pessoas vivem com menos de 1.08 dólares por dia (limite estabelecido para se considerar pobreza extrema), tendo um rendimento médio de 0.77 dólares diários, ou seja, 281 dólares anuais. Isto implica, que estas pessoas tinham uma carência de 0.31 dólares relativamente às necessidades básicas (1.08 menos 0.77), isto é, 113 dólares anuais. Logo, através de uma conta de multiplicação simples, podemos afirmar que seriam precisos 124 mil milhões de dólares anualmente para acabar com a pobreza extrema.

Continuamos com as contas? Óptimo. Ora bem, segundo o determinado pelos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), os 22 países do Comité de Assistência ao Desenvolvimento (CAD), do qual faz parte Portugal e cuja totalidade de rendimentos era de 20 200 biliões de dólares (não, não me enganei, meus caros), deveriam doar 0.7% do seu PIB anualmente. Não o fazem. Aliás, apenas 5 países doam 0.5% e todos os outros doam menos, muito menos (sendo que os EUA doam apenas 0.15%). No fim, para não terem que fazer as contas, eu posso-vos dizer que o necessário para erradicar a pobreza extrema no mundo são somente 0.6% do PIB dos países do CAD, menos que o proposto pelos ODM.

No entanto, em todo o mundo, os países chamados de elevado rendimento já deram algo como 1.3 biliões de dólares à banca (10 vezes o que seria preciso para conseguir que toda a população no mundo tivesse as necessidades básicas satisfeitas) para salvar os banqueiros de uma crise criada por eles próprios. Ficam os pobres, como sempre, a morrer à fome.

8 comentários:

João Mineiro disse...

Porra tinha já comentário escrito e esta treta veio abaixo :\
Já não o consigo fazer tão bom mas pronto o essencial era isto:
De facto por uma questão ética e de justiça isso deveria acontecer, os países mais ricos ajudarem os países mais pobres… era um excelente principio (uma vês ouvi um que era um imposto universal para combater a pobreza também me agradou)
Mas penso que entravamos aqui num grande paradoxo… Nos sabemos que os países onde estão as maiores crises humanitárias, onde inclusive se verificam níveis mais graves de pobreza são aqueles onde os governos são mais corruptos, fechados, anti democráticos e falsos. Ora o que importa esclarecer é: como é que o dinheiro ia chegar aos pobres? Pela mão de quem? Como convencer os governantes do pais a aceitarem essa ajuda? Como garantir a aplicação do dinheiro na causa… Perguntas difíceis pelo menos para mim. Porque vejamos: como explicas a um ditador africano que vão entrar X sacos de pão, bata, agua etc no pais dele porque há graves níveis de pobreza?
O gajo não te deixa entrar e por normas internacionais não podes invadir o território.
Por exemplo, Mugabe, Zimbabwe no top dos desastres humanitários e ele diz que não que a vaga de doenças já passou à muito e que esta tudo controlado…

Presumo que seja mais difícil do que parece mas cá estaremos para pensar e discutir.
Diz-me coisas.
Um Abraço ;)

Marlon Francisco disse...

O autor explica isso muito bem. E estive a ver TODOS os países africanos. Essa demagogia de que são corruptos e anti-democráticos não funciona muito bem. Na realidade, a maioria dos países africanos são mas democráticos do que os mesmos países com igual rendimento fora de África. Obviamente não podemos comparar o nível de corrupção de um país de baixo rendimento com um país de rendimento elevado.

Mas se entramos por essa discussão então entramos num ciclo vicioso. Os países de baixo rendimento são corruptos porque não existe literacia, porque não existe dinheiro para pagar a funcionários públicos capazes de gerir um país, porque não existem escolas que formem pessoas, porque não existem meios de comunicação que ponham as pessoas a par do que se passa dentro do seu país. Ora, se não vamos dar dinheiro a estes países com base na ideologia (falsa!) de que África é mais corrupta do que a China só porque tem um rendimento inferior (quando na realidade, alguns dos países mais corruptos situam-se no leste asiático que por acaso tem sido a zona do planeta com o maior boom económico), então nunca poderenos criar condições para que o próprio país ultrapasse essa corrupção.

Agora uma coisa é óbvia. Não podemos chegar lá e começar a injectar dinheiro. Os países TÊM (e nalguns casos já o fizeram para os ODM) de criar planos em que se percebam quais as infra-estruturas que devem ser criadas, bem como a parcela que será possível de ser auto-financiada. Os doadores só deveriam acarretar o resto dos custos dessas infra-estruturas, por exemplo. A ideia de que a ajuda apenas deve chegar sobre a forma de subsídios/sacas de comida deveria ser ultrapassada. Aquelas pessoas precisam de comida, sim, mas em vez de darmos o peixe deveríamos criar as condições para que elas pudessem pescar.

João Mineiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Mineiro disse...

Não posso concordar contigo em dois pontos:

Primeiro, os governos africanos não são corruptos porque não têm dinheiro para pagar aos funcionários públicos, ou para investir em serviços públicos ou no desenvolvimento agrícola. São corruptos porque o dinheiro que podia ser investido nessas áreas esta a ser metido ao bolso pelos governantes, procuradores, ministros, assessores, adjuntos e toda a escumalha atrás. E olha nem precisas de pensar muito para chegares a esta conclusão, olha para as características da África – África tem tudo para ser autosuficiente, tem montes de “SAU´s . Superficies agrícolas utilizadas, e SAA – superfícies de aptidão agrícola. Tem petróleo, diamantes, uma riqueza de subsolo… África enquanto continente tem um bocadinho de tudo. Menos vontade (claro…)
Mas porque é que vês em Angola, Chineses a explorar o petróleo e os diamantes? Porque? Porque é que foi concessionada a exploração aos chineses na Angola? Por dois motivos – imperialismo económico – oportunismo político e corrupção do MPLA.

O segundo factor que discordo completamente é dizeres que os governos africanos não são de todo corruptos.
Queres países, ou pessoas?
Países:
Moçambique, corrupção mais corrupção e mais corrupção. Encontras relatos disso na escrita de mia coto ou na voz do músico azagaia ou se pesquisares um pouco pelo noticiário de Moçambique.
Zimbabwe já reparas-te nos índices de Inflação do país? Na crise humanitária que vive? Há quantos anos esta mugabe no poder?
Angola, MPLA já destruiu o sonho de agostinho Neto, Os chineses apoderaram-se das riquezas, o povo vive na lama, o risco de guerra interna continua a perdurar, as eleições são uma fantochada porque o povo tem medo de mais guerra e tem medo de votar noutro porque isso pode acender o rastilho, temos um camarada angolano que me falou no acampamento precisamente disso.
Guiné Equatorial, um ditador que se infiltra na CPLP e que nos damos abrigo por ter petróleo? Um ditador que já destruiu tudo de bom o que tinha no país.
DARFUR – (mortos? Refugiados? Torturas? Futuro?) Um dois maiores desastres humanitários de sempre por culpa de quem? Governo Sudanês e os Chineses que alimentam o conflito por razões económicas.

Congo – Linha da frente na pobreza antes ate do massacre no Ruanda, culpa de quem? Governos atrás de governos, corrupção atrás de corrupção – a juntar aos factores étnicos, religiosos etc.

Por nomes nem preciso de especificar Marlon deves conhecer, Kadhafi a Mugabe passando Luisa Diogo e Adolphe Muzito.


Por tudo isto, não acredito que a oferta de dinheiros aos governos africanos conseguisse resolver o problema. Para mim a resposta tem de ser outra a começar na ONU passando pelas ONGs. Esses sim os verdadeiros obreiros de um Mundo diferente.

João Mineiro disse...

Desculpa a insistência mas há um texto que eu acho fenomenal do Mia Coto e adorava que lesses.



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http://arrastao.org/sem-categoria/e-se-obama-fosse-africano/

E se Obama fosse africano?


Texto de Mia Couto, publicado no jornal “Savana”

“Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.

Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de “nosso irmão”. E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.

Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: “E se Obama fosse camaronês?”. As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.

E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?

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1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.

2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.

3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente “descobriram” que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado ‘ilegalmente”. Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.

4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um “não autêntico africano”. O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos “outros”, dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).

5. Se fosse africano, o nosso “irmão” teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada “pureza africana”. Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.

Inconclusivas conclusões

Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.

No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.

Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.”

Marlon Francisco disse...

Vamos lá a perceber do que falamos João. Obviamente que os países de África são corruptos. Eu não disse o contrário. O que eu afirmei e posso afirmá-lo não porque li Mia Couto mas porque li relatórios internacionais do FMI, Banco Mundial, ONU, Freedom House e por aí adiante, é que os países africanos, no geral, são tão ou mais democráticos que os mesmos países com igual rendimento. A questão aqui é esta: com igual rendimento. É natural que o Reino Unido tenha menos corrupção que África inteira. Por exemplo, quando dizemos que Portugal tem uma corrupção enorme, avaliamo-lo sob o prisma de um país desenvolvido. Da mesma forma, quando dizemos que temos 2 milhões de pobres no nosso país, o que deveríamos afirmar é que temos 2 milhões de pessoas em Pobreza relativa e alguma percentagem menos em pobreza moderada. Não temos, por exemplo, nenhuma percentagem relevante de Pobreza Extrema. Mas dizemos à mesma que temos pobres. Porquê? Porque o avaliamos segundo padrões de país de desenvolvido.

Volto a afirmar aquilo que disse: "Os países de baixo rendimento são corruptos porque não existe literacia, porque não existe dinheiro para pagar a funcionários públicos capazes de gerir um país, porque não existem escolas que formem pessoas, porque não existem meios de comunicação que ponham as pessoas a par do que se passa dentro do seu país." A primeira questão é fundamental. Se não existe literacia, não podes ter pessoas formadas numa área específica. Recorres então a estrangeiros, com fábricas estrangeiras, que apenas irão explorar um país mandando todos os rendimentos para o estrangeiro. Se um Estado não consegue pagar o suficiente a uma função pública, então esta terá que ir buscar rendimentos a outro lado. Torna-se corrupta, como o que acontece com os polícias sinaleiros do Cairo que aceitam moedas para tu atravessares a estrada mais facilmente. Se não tens escolas, não tens pessoas com educação, que saibam ler, que saibam interpretar o que um presidente diz, que saibam contestar uma propaganda. Se não tens meios de comunicação, nada chega a essas pessoas. Estes factores são básicos.

Atenção, existem países dentro do 'não-livre'. Angola, Zimbabwe, entre outros, claro. Se devemos ajudar esses países de uma forma directa, oferecendo ajuda para a criação de infra-estruturas? Não. Mas novamente repito: esta concepção de que África é altamente corrupta é um mito. África é um emaranhado enorme de países. Gana não é corrupto. Nem é Etiópia, nem são grande parte dos países. Isto claro, tendo em conta e volto a frisar pela enésima vez que são países de Baixo Rendimento. No entanto oferecemos ajuda necessária a esses países? Não. A questão fulcral é esta e somente esta.

Marlon Francisco disse...

Deixa-me só acrescentar algo: Não tomes África como um todo. África tem partes que tem tudo para ser rica, mas em contraste tem a maioria das zonas em que tem tudo para ser pobre.

1) A malária e a sida matam milhões de pessoas anualmente. Isso implica perda de familiares, perda de anos de trabalho (menos impostos, também), faltas constantes ao trabalho por ir a funerais (pode parecer ridículo, mas é verdade), entre outras coisas que poderás imaginar.

2) Solos pobres e sem produtividade agrícola. Os solos lá, ao contrário daqui, não são rentáveis. Ainda não chegou lá a Revolução Verde que chegou à China e à Índia nos anos '70 e que permitiu que aqueles dois países quadruplicassem a mesma produção por hectar acabando com a fome severa. Eles têm solos que, mesmo que não sejam áridos, já esgotaram os nutrientes porque nem têm capacidade de colocação de azoto nos solos.

3) Sazonalidade das chuvas misturado com temperaturas elevadas. Preciso de explicar esta?

4) Muitos dos países africanos são quase compostos por desertos ou savanas que, como deves compreender, eu nenhum dos casos proporciona a agricultura.

João Mineiro disse...

Eu percebo onde queres chegar e não vale a pena estarmos a alimentar mais a discussão. Podemos um dia discutir isto os dois. A tua ideia é valia: "Os países de baixo rendimento são corruptos porque não existe literacia, porque não existe dinheiro para pagar a funcionários públicos capazes de gerir um país, porque não existem escolas que formem pessoas, porque não existem meios de comunicação que ponham as pessoas a par do que se passa dentro do seu país."
Embora eu mantenha a minha ideia de que meteres dinheiro internacional nas mãos dos governos do continente Africano não iria resolver o problema em si.
Mas já que gostas de África deixo-te aqui um Projecto de desenvolvimento em África interessante sobre agricultura alternativa:

http://www.mwglobal.org/ipsbrasil.net/nota.php?idnews=1160
Abraço!


Ps: Para mim um livro de um escritor honesto, coerente e credível, sobre a realidade do seu pai é mais relevante do que qualquer relatório seja de onde for.
Para mim conta mais quem vive as situações, os locais e as pessoas. Quem sente no seu quotidiano aquilo a que chamamos os processos sócias. Do que propriamente quem vem de fora, (em nome do direito internacional – um pouco radical agora) fazer estudos de realidades que não sentem – apesar de não lhes retirar invalidade.

Até Manha que já é tarde 